São Paulo, domingo, 20 de outubro de 2002

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Telecomunicação vive impasse

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Analistas do setor de telecomunicações afirmam que o modelo está esgotado.
"Hoje, investir em telecomunicações no Brasil não é um bom negócio", afirma Ernesto Flores, da consultoria McKinsey. "O retorno é de aproximadamente 1% ao ano. Falta muito para o que seria ideal, algo entre 16% e 18%. Foi um modelo de sucesso, mas não é mais sustentável."
Apesar do aumento de mais de 85% no preço da assinatura residencial desde a privatização, a avaliação de Flores é que um dos fatores para a baixa rentabilidade são as tarifas. "São baixas, em geral. Em dólar, a assinatura está em aproximadamente US$ 10, o que é pouco." Além das tarifas, o modelo obrigou a pesados investimentos em universalização. Além disso, há a questão da inadimplência.
Para Flores, é preciso aumentar as tarifas do consumidor e reestruturar as tarifas de interconexão (que as empresas pagam entre si). "As operadoras de longa distância estão sendo prejudicadas. É preciso aumentar o bolo e dividi-lo melhor entre as empresas."
Dario Dal Piaz, vice-presidente para a América Latina do Yankee Group, faz análise semelhante. "O modelo está esgotado", afirma. "Faltou tomar o pulso do mercado ao longo do tempo. Agora, será necessário uma grande reforma, e o governo vai precisar flexibilizar o máximo possível."
Dal Pia afirma que é preciso permitir as fusões e aquisições antes mesmo de julho de 2003 (prazo legal previsto), flexibilizar a prestação de serviços e as obrigações contratuais.
Em relação às tarifas, o analista afirma que as empresas fizeram investimentos em dólar e precisam ter remuneração de capital equivalente. "O reajuste das tarifas deveria ser automático, mas há uma negociação com a Anatel que não deveria existir."
No diagnóstico de Dal Piaz, no momento em que se pensou o modelo se previa crescimento do país a taxas de 4,5% ao ano, o que não ocorreu. Hoje, há 10 milhões de linhas de telefone fixo ociosas.


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