São Paulo, domingo, 20 de outubro de 2002

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LIGAÇÕES PERIGOSAS

Indústria automobilística cria mecanismo para financiar campanhas de políticos e preservarem o sigilo

Na surdina, montadoras engatam lobby

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria automobilística e as distribuidoras de veículos preservaram nesta eleição o sigilo e a discrição com que mantêm seu lobby no Congresso Nacional.
De 83 parlamentares consultados sobre o apoio do setor nas eleições de 1998 e 2002, apenas 27 se manifestaram. Somente dois admitiram ter recebido contribuições, como empréstimos de veículos: a deputada Rita Camata (PMDB-ES) e o deputado Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP).
Apenas 4 das 92 distribuidoras de veículos procuradas responderam ao questionário, negando favorecer candidatos.
Nas eleições de 1998, a Folha apurou que algumas concessionárias emprestam veículos usados e recebem carros novos em condições especiais, resguardando a imagem da montadora.
A Folha consultou deputados federais e distribuidoras a partir de uma relação de 1998, da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), com 182 senadores e deputados e os contatos de concessionárias nas bases eleitorais.
A Fenabrave não se manifestou. Alegou que a lista era de uma gestão anterior e que não faz mais o lobby. O então presidente, Sérgio Antônio Reze, seria o contato com vários parlamentares. Ele não se pronunciou. Em 1998, Reze disse que "se a rede A, B ou C é usada pela montadora, não é problema da Fenabrave, que não dá apoio econômico a candidatos". Das 34 associações de marca, só 5 se pronunciaram. Ford, General Motors, Fiat e Volkswagen não se manifestaram. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) diz não ajudar candidaturas específicas e não orientar as associadas.


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