São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2004

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Retratação encerra polêmica, diz Viegas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA COLUNISTA DA FOLHA

O ministro da Defesa, José Viegas, disse ontem que a nota de retratação divulgada pelo comando do Exército "encerra" a polêmica criada sobre o "caso Herzog". Sobre a primeira versão da nota, divulgada no último domingo, rotulou-a de "muito inadequada".
Ontem à noite, em entrevista à Folha antes de participar de solenidade na Procuradoria Geral da República, Viegas afirmou que está firme no cargo e que não se sentiu afrontado ou desprestigiado ao tomar conhecimento via terceiros do teor da primeira nota.
O ministro soube da primeira nota por meio de um assessor, no domingo de manhã, e, em seguida, telefonou para José Dirceu (Casa Civil) e para o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avisando que a questão era grave e exigia uma retratação eloqüente.
Com sinal verde de Lula e de Dirceu, Viegas chamou à sua casa o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, a quem entregou ofício com recriminação formal e o pedido de nova nota de correção. "A nota não reflete a posição do governo e particularmente a do Ministério da Defesa", escreveu no ofício.
Ontem, sobre as fotos do jornalista Vladimir Herzog que vieram à tona, disse: "Isso é fato do passado sobre o qual eu prefiro neste momento, inclusive, não comentar". (EDUARDO SCOLESE e ELIANE CANTANHÊDE)
 

Folha - O senhor acredita que a nova nota divulgada hoje [ontem] pelo Exército encerra a polêmica?
José Viegas -
Sim. Acho que ela coloca um ponto final na polêmica. Uma nota radicalmente diferente da nota de domingo, que era uma nota muito inadequada. De maneira que, do nosso ponto de vista, o assunto está encerrado.

Folha - Na avaliação do senhor, o responsável pela elaboração da primeira nota deve ser punido?
Viegas -
Não. A própria nota nova... a correção da nota é a notificação do rumo... isto é... absolutamente correto, de maneira que não há nenhuma seqüela.

Folha - No domingo, quando leu a nota do Exército, o senhor se sentiu afrontado ou desprestigiado de alguma forma?
Viegas -
Não se trata de personalizar as coisas. Estamos diante de um fato político, houve erro na redação daquela nota, e esse erro foi corrigido hoje [ontem] de maneira que tudo volta ao normal.

Folha - Diante deste caso, o senhor se considera firme no cargo de ministro? Chegou a tratar deste tema hoje [ontem] com o presidente Lula?
Viegas -
Eu não tenho nenhum comentário a esse respeito. Meu cargo pertence ao presidente da República, como o de todos os demais, de maneira que o presidente é quem decide.

Folha - Sobre a divulgação das três fotos que seriam do jornalista Vladimir Herzog e da própria reportagem [de domingo] do "Correio Braziliense", qual a avaliação histórica que o senhor faz a respeito disso?
Viegas -
Isso é fato do passado sobre o qual eu prefiro neste momento, inclusive, não comentar.


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