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Comissão quer perícia de imagens
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Câmara,
Mário Heringer (PDT-MG), disse
ontem que pedirá uma perícia nas
três fotos que mostrariam o jornalista Vladimir Herzog nu sob
custódia do Exército em 1975 na
sede do DOI-Codi, em São Paulo.
A comissão também levantará
outros casos de tortura na ditadura, para investigar o período. "Vamos solicitar perícia, precisamos
da perícia das fotos para verificar
se são reais ou não. [...] Não faz
sentido cuidar só do caso Herzog.
Se vamos cuidar de um, que cuidemos de todos", disse Heringer.
A comissão ainda não reconhece
as fotos como sendo de Herzog.
O deputado sugeriu que tentará
identificar os autores da tortura a
que o jornalista foi submetido. Ao
ser questionado se o objetivo era
punir os acusados de tortura na
ditadura, Heringer se esquivou.
"Não sei. Nossa intenção é contar
a história do que ocorreu. Quando a gente fala da Inquisição, isso
tem 400 anos. Esse assunto [a repressão política] não vai ser esquecido. É bom que venha a público para vermos o que fizemos
de errado e não repetir os erros."
As três fotos inéditas que retratariam Herzog foram divulgadas
no fim de semana pelo jornal
"Correio Braziliense". As imagens
estavam guardadas desde 1997 na
Câmara, entregues pelo ex-cabo
do Exército José Alves Firmino à
Comissão de Direitos Humanos.
A viúva do jornalista, Clarice, reconheceu Herzog em uma dos fotos, mas teve dúvidas se era ele
mesmo nos outros dois retratos.
Na época, o então presidente da
comissão, Pedro Wilson (PT), hoje prefeito de Goiânia, encaminhou cópia do material e pediu
explicações à Presidência, Ministério da Justiça, Secretaria de Direitos Humanos e para o extinto
Ministério do Exército, que hoje é
comando. Não houve resposta.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara recebe milhares
de documentos todos os anos
-não há controle disso. A maioria é composta de denúncias de
violações, como tortura policial.
Cabe aos deputados analisar a documentação e solicitar informações aos órgãos competentes.
No caso das fotos que seriam de
Herzog, o material é considerado
público. Como não houve resposta do governo, a documentação ficou guardada na comissão, à espera de providências. Heringer
disse não saber o conteúdo de seu
arquivo e pretender catalogá-lo.
Ontem, a ex-guerrilheira do
Araguaia Criméia Almeida, 58,
identificou as dependências do
DOI-Codi em que as fotos atribuídas a Herzog teriam sido tiradas.
Ela ficou presa no local em 1972.
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