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TODA MÍDIA
O cerco
NELSON DE SÁ
Na expressão da Globo, é
"a maior ação já proposta
no Brasil".
Após "mais de três anos de investigação", foi preciso "um caminhão de papéis" para levar os
volumes do inquérito do prédio
do Ministério Público Estadual
para o fórum.
Foi manchete dos telejornais
às rádios e aos portais -que se
concentraram quase sempre no
valor envolvido, R$ 5 bilhões,
"dinheiro que teria sido desviado de obras públicas para contas
no exterior".
E o Ministério Público Federal
está na disputa com o estadual,
por Paulo Maluf.
A outra manchete de ontem,
por toda parte, foi que a Justiça
aceitou a denúncia contra o ex-prefeito paulistano feita pelos
procuradores federais, por evasão de divisas. Da manchete no
Jornal Nacional, ontem:
- Paulo Maluf é réu em processo criminal.
O Jornal da Record juntou as
duas notícias:
- O caso Maluf: Justiça Federal acata denúncia por evasão e
promotor pede bloqueio dos
bens da família.
Na descrição da Jovem Pan, é
um "cerco" ao político que saiu
historicamente derrotado das
eleições municipais.
Em mais um dia de Sísifo, a
prefeita e candidata Marta Suplicy até dançou pelas ruas da
periferia, em imagens apresentadas no SPTV.
Mas o que ficou no ar foram as
declarações que fez ao apresentador Eli Corrêa, da rádio Capital, sobre o apoio malufista à sua
candidatura.
- Fiquei surpresa, porque temos divergências conhecidas há
muito tempo.
"Surpresa" não foi a melhor
das expressões. Seguiram-se outras, por exemplo:
- Pensei que provavelmente
ele deve ter um grande respeito
pelo trabalho que eu fiz na administração.
"Respeito" também não caiu
bem. Não no dia em que a Globo
proclamou "a maior ação já proposta no Brasil".
E não, por outro lado, no dia
em que o PT solicitou e a Justiça
Eleitoral liberou, segundo o
UOL, a campanha de Marta a
superar em R$ 4 milhões sua
previsão inicial de gastos. Que já
não era baixa.
Para piorar as coisas para a petista, a Globo Online deu que o
governador Geraldo Alckmin
obteve direito de resposta, no
que pode ser o início de muitos
minutos perdidos da pouca propaganda que resta.
O maior do ano
O SPTV partiu para o jornalismo crítico de uma vez e redescobriu o "caos" no trânsito de São
Paulo, um dos temas da campanha municipal.
Ontem, o noticiário destacou
"o maior congestionamento do
ano" na cidade, pela manhã.
Mais pressa
E em todos os telejornais da
Globo prosseguiu a blitz sobre o
Bolsa-Família, depois das denúncias no Fantástico. Se o governo Lula busca reagir com rapidez, no Paraná "o Ministério Público Federal se antecipou e já
começou a apurar".
Também o Tribunal de Contas
da União "cobrou mais pressa
na implantação de medidas para
melhorar o controle dos programas". De um ministro:
- Nós estamos aguardando
que realmente estejam implementando.
Por conta própria
E havia denúncia nova no caso, na cobertura da Globo:
- No Triângulo Mineiro,
5.000 famílias cadastradas e que
têm direito ao pagamento há
dois anos esperam pelo dinheiro
do principal programa social do
governo. As mães suspeitam de
fraude e nomearam representantes que vão investigar, por
conta própria.
O necessário
A BBC Brasil, na cobertura da
"visita técnica" da Agência Internacional de Energia Atômica,
destacou ontem que o porta-voz
da AIEA disse que a equipe de
inspetores "não precisa ver tudo". De todo modo, a agência da
ONU "não vai voltar atrás em
sua exigência de inspecionar o
que for necessário".
Do mercado
Para o "Financial Times", a
"transformação política da
América do Sul", com governos
"à esquerda do centro", deve
prosseguir na eleição uruguaia,
em duas semanas.
O favorito Tabaré Vázquez seria "mais próximo de Lula, o
brasileiro amigo-do-mercado,
do que do argentino Néstor
Kirchner, mais populista".
Maduro
Vázquez também falou ontem
ao jornal argentino "La Nación".
Pergunta e resposta:
- Você não acha que tem que
agradecer a Lula, por mostrar
uma esquerda que sabe conviver
com o empresariado?
- Claro, há muito a agradecer
a Lula, mas tanto o governo de
Ricardo Lagos no Chile como o
de Kirchner na Argentina e o de
Lula no Brasil estão mostrando
que a esquerda tem maturidade
para governar.
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