São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2004

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TODA MÍDIA

O cerco

NELSON DE SÁ

Na expressão da Globo, é "a maior ação já proposta no Brasil".
Após "mais de três anos de investigação", foi preciso "um caminhão de papéis" para levar os volumes do inquérito do prédio do Ministério Público Estadual para o fórum.
Foi manchete dos telejornais às rádios e aos portais -que se concentraram quase sempre no valor envolvido, R$ 5 bilhões, "dinheiro que teria sido desviado de obras públicas para contas no exterior".
E o Ministério Público Federal está na disputa com o estadual, por Paulo Maluf.
A outra manchete de ontem, por toda parte, foi que a Justiça aceitou a denúncia contra o ex-prefeito paulistano feita pelos procuradores federais, por evasão de divisas. Da manchete no Jornal Nacional, ontem:
- Paulo Maluf é réu em processo criminal.
O Jornal da Record juntou as duas notícias:
- O caso Maluf: Justiça Federal acata denúncia por evasão e promotor pede bloqueio dos bens da família.
Na descrição da Jovem Pan, é um "cerco" ao político que saiu historicamente derrotado das eleições municipais.
 
Em mais um dia de Sísifo, a prefeita e candidata Marta Suplicy até dançou pelas ruas da periferia, em imagens apresentadas no SPTV.
Mas o que ficou no ar foram as declarações que fez ao apresentador Eli Corrêa, da rádio Capital, sobre o apoio malufista à sua candidatura.
- Fiquei surpresa, porque temos divergências conhecidas há muito tempo.
"Surpresa" não foi a melhor das expressões. Seguiram-se outras, por exemplo:
- Pensei que provavelmente ele deve ter um grande respeito pelo trabalho que eu fiz na administração.
"Respeito" também não caiu bem. Não no dia em que a Globo proclamou "a maior ação já proposta no Brasil".
E não, por outro lado, no dia em que o PT solicitou e a Justiça Eleitoral liberou, segundo o UOL, a campanha de Marta a superar em R$ 4 milhões sua previsão inicial de gastos. Que já não era baixa.
 
Para piorar as coisas para a petista, a Globo Online deu que o governador Geraldo Alckmin obteve direito de resposta, no que pode ser o início de muitos minutos perdidos da pouca propaganda que resta.

O maior do ano
O SPTV partiu para o jornalismo crítico de uma vez e redescobriu o "caos" no trânsito de São Paulo, um dos temas da campanha municipal.
Ontem, o noticiário destacou "o maior congestionamento do ano" na cidade, pela manhã.

Mais pressa
E em todos os telejornais da Globo prosseguiu a blitz sobre o Bolsa-Família, depois das denúncias no Fantástico. Se o governo Lula busca reagir com rapidez, no Paraná "o Ministério Público Federal se antecipou e já começou a apurar".
Também o Tribunal de Contas da União "cobrou mais pressa na implantação de medidas para melhorar o controle dos programas". De um ministro:
- Nós estamos aguardando que realmente estejam implementando.

Por conta própria
E havia denúncia nova no caso, na cobertura da Globo:
- No Triângulo Mineiro, 5.000 famílias cadastradas e que têm direito ao pagamento há dois anos esperam pelo dinheiro do principal programa social do governo. As mães suspeitam de fraude e nomearam representantes que vão investigar, por conta própria.

O necessário
A BBC Brasil, na cobertura da "visita técnica" da Agência Internacional de Energia Atômica, destacou ontem que o porta-voz da AIEA disse que a equipe de inspetores "não precisa ver tudo". De todo modo, a agência da ONU "não vai voltar atrás em sua exigência de inspecionar o que for necessário".

Do mercado
Para o "Financial Times", a "transformação política da América do Sul", com governos "à esquerda do centro", deve prosseguir na eleição uruguaia, em duas semanas.
O favorito Tabaré Vázquez seria "mais próximo de Lula, o brasileiro amigo-do-mercado, do que do argentino Néstor Kirchner, mais populista".

Maduro
Vázquez também falou ontem ao jornal argentino "La Nación". Pergunta e resposta:
- Você não acha que tem que agradecer a Lula, por mostrar uma esquerda que sabe conviver com o empresariado?
- Claro, há muito a agradecer a Lula, mas tanto o governo de Ricardo Lagos no Chile como o de Kirchner na Argentina e o de Lula no Brasil estão mostrando que a esquerda tem maturidade para governar.


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