São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

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CASO CELSO DANIEL

Filho diz que Printes reclamou de dores na véspera da morte

Família de legista descarta suicídio

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A família do legista Carlos Delmonte Printes, 55, encontrado morto há uma semana, disse ontem não acreditar na versão de suicídio -hipótese considerada mais provável por autoridades que investigam o caso.
Printes foi o responsável pela necropsia do corpo do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, morto em janeiro de 2002. Em agosto deste ano, o perito levantou polêmica após narrar uma suposta censura imposta pela polícia para que ele não falasse que Daniel havia sido torturado.
Na quarta-feira passada, o corpo de Printes foi encontrado caído no escritório dele pelo filho Guilherme. Dias antes, o legista havia deixado com o filho uma carta com instruções sobre velório e cremação.
Ontem, em depoimento à Polícia Civil e ao Ministério Público, Guilherme disse que, na noite anterior à morte, o pai falou de planos para o futuro e reclamou de dores. Afirmou que Printes estava com gripe, que virou pneumonia e agravou um quadro de miocardite (inflamação do miocárdio).
A necropsia, porém, praticamente descartou a possibilidade de morte por disfunção cardíaca. O Instituto Médico Legal está analisando as vísceras e o resultado deve sair em dez dias.
Quanto à carta deixada por Printes dias antes de sua morte -apontada por autoridades como um dos principais indícios de possível suicídio-, Guilherme disse que era normal o pai dar instruções aos filhos. Afirmou ainda que o documento foi escrito na frente dele e da mãe, Vera Capelosi Delmonte, ex-mulher do perito.
À polícia Vera também disse descartar a hipótese de suicídio.
Segundo o promotor Marcelo Milani, a mulher de Printes, Luciana Plumari, 30, fez uma declaração mais emocional. Após afirmar que ela e o perito viveram juntos quase dez anos, disse que a relação entre os dois estava "estremecida" e que ele tentou uma reconciliação.
No final da tarde de ontem, Milani e policiais foram à casa de Printes para fazer busca e apreensão. Familiares acompanharam a operação.
A equipe procurou evidências que ajudem a esclarecer as circunstâncias da morte. A Promotoria de Santo André, que havia solicitado ao legista informações complementares sobre a morte de Celso Daniel, também busca reunir possíveis documentos relacionados ao caso.


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