São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Fato consumado

A campanha de Geraldo Alckmin vai se antecipar à conclusão do inquérito da Polícia Federal e passar a martelar, desde já, que o dinheiro usado para comprar o dossiê contra José Serra era da campanha de Lula.
Pelo raciocínio que embasa a nova retórica tucano-pefelista, o dinheiro, tenha a origem que for, é da campanha, já que foi apreendido com petistas e havia pelo menos três membros do comitê de Lula na trama. "Cometeu-se, portanto, crime eleitoral", diz o líder da oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA).
Com a nova tática, a coordenação de campanha de Alckmin tentará retomar a ofensiva depois de duas semanas nas cordas por conta do empenho do PT para carimbar o candidato tucano como privatista.

Rifa. De um general da campanha lulista, sobre as especulações de que o dinheiro para comprar o dossiê teria vindo de várias fontes: "Se para juntar aquela dinheirama cada um contribuísse com R$ 5 mil, R$ 10 mil, em uma semana teria um mundo de gente sabendo. Deve ter vindo de um ou dois abastados".

Caderninho. Na reunião que teve ontem com tucanos e pefelistas em São Paulo, Luiz Gonzalez, chefe da comunicação da campanha de Alckmin, ouviu tudo, justificou o que foi feito até agora nos programas de TV e não deu pistas sobre se vai atender aos pedidos.

Vacina. Entre as sugestões apresentadas pelos parlamentares tucanos e pefelistas ao marqueteiro de Alckmin está a de mostrar pessoas de baixa renda que têm celular graças à privatização das teles, feita no governo FHC.

Motivacional. Gonzalez disse aos parlamentares que existem cerca de 20 milhões de eleitores ainda "voando", ou seja, oscilando entre os dois candidatos. E exibiu pesquisas internas que mostram diferença de no máximo dez pontos entre Lula e Alckmin.

Ponto de vista. Telefonema entre Márcio Thomaz Bastos e Antonio Carlos Magalhães na noite em que saiu a mais recente pesquisa Datafolha. "Perdemos a eleição", desabafou o senador pefelista. "Ganhamos a eleição", retrucou o ministro da Justiça.

Focalizado 1. O governo liberou recursos para a retomada das obras de trechos das BRs 101, 470, 481 e 158, todas elas no Rio Grande do Sul, onde Lula foi derrotado por Alckmin no primeiro turno.

Focalizado 2. As liberações devem continuar na semana que vem. Elas já totalizam R$ 350 mi neste ano apenas para as rodovias federais em território gaúcho.

On the road. Blairo Maggi terá agenda cheia como cabo eleitoral de Lula na semana que vem. Na segunda-feira, desembarca em Cascavel (PR). No dia seguinte, estará em Porto Alegre (RS). O governador reeleito de Mato Grosso recebeu a missão de quebrar a resistência dos produtores agrícolas ao petista.

Fora do muro. Roseana Sarney aguarda Lula na terça em Timon, cidade do Maranhão que fica na divisa com o Piauí. A candidata do PFL pretende usar as imagens de palanque contra o adversário Jackson Lago (PDT), que tem o apoio do PT local. Ainda não há confirmação oficial da campanha do presidente.

Repeteco. O assessor Antonio Jacinto Filho, demitido do gabinete de Heloísa Helena (AL) por usar o e-mail do Senado para divulgar a agenda de campanha da senadora no primeiro turno, foi readmitido. E mandou mensagem, de novo via Senado, agradecendo os votos dados à candidata à Presidência do PSOL.

Visita à Folha. Paulo Renato Souza, ex-ministro da Educação e deputado federal eleito pelo PSDB de São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Wilson Pedroso Junior, assessor.

Tiroteio

"Se FHC encontra o Alckmin com aquela jaqueta, vai querer vendê-lo junto com as estatais."
Do deputado PAULO PIMENTA (PT-RS) ironizando o fato de o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, ter vestido uma jaqueta com logotipos da Petrobras, Banco do Brasil e Correios na tentativa de afastar a imagem de privatista que lhe é impingida pela campanha de Lula.

Contraponto

Férias frustradas

Tão logo eleito governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT) passou a reforçar a campanha de Lula, o que causou protestos em sua família, desejosa de uns dias de férias.
No domingo, Déda atendeu ao pedido. Ao chegar à casa no litoral, foi cumprimentar os vizinhos. O petista aproveitou e pediu votos para Lula. Irritada, sua mulher sugeriu que ele fosse à praia com o filho, João Marcelo, 3. Enquanto faziam castelo de areia, Déda era cumprimentado a todo momento por causa de sua vitória. De tanto ver a cena se repetir, o menino, intrigado, perguntou:
-Papai, é hoje o seu aniversário? Está todo mundo te dando parabéns...


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