São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Para petistas, elogio de Lula a Serra e Aécio é "protocolar"

Aliados não vêem declaração do presidente como sinal de suas preferências para 2010

Governador eleito, Déda diz que Lula tem demonstrado que, se for reeleito, quer buscar uma interlocução política suprapartidária


MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Aliados preferem entender os elogios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos tucanos José Serra e Aécio Neves, feitos na sabatina à Folha anteontem, como um ritual de passagem necessário para o segundo mandato -caso reeleito- e não como um sinal político de preferências do petista para a sucessão presidencial de 2010. Enquanto os dois tucanos são os nomes fortes para a disputa presidencial de 2010, os partidos de esquerda não possuem um sucessor natural.
"É acertado examinar a declaração do presidente Lula sob a luz de uma discussão institucional. Seria apressado tirar qualquer conclusão política", afirma o governador eleito de Sergipe, Marcelo Déda (PT), que integra a coordenação nacional de campanha de Lula.
Para o petista, Lula dá demonstrações de que, se reeleito, quer buscar uma interlocução política suprapartidária. Os aliados de Lula já demonstram preocupação em melhorar o diálogo com a oposição para que o petista, se reeleito, não governe sob pressão institucional nos próximos quatro anos.
O adversário de Lula, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que se o petista for reeleito seu novo mandato "acaba antes de começar" e que "já se começa a discutir 2010 no dia seguinte".
Na visão de interlocutores do presidente, Serra e Aécio têm perfis democráticos, são conciliadores, e não levariam a disputa política à radicalidade, questionando a legitimidade de uma vitória de Lula.
"Creio que tanto Serra quanto Aécio têm bastante tradição democrática e convivência institucional para entender que não interessa a ninguém colocar sobre uma eleição uma espada de Dâmocles", diz Marcelo Déda -a expressão faz referência a um mito grego e significa risco iminente
A "construção de pontes" para o início de um mandato, segundo o senador eleito e secretário nacional do PSB, Renato Casagrande (ES), é fundamental para que os ânimos não permaneçam acirrados. "É uma aproximação conjuntural [com Serra e Aécio]. É estratégica. Não é tática", definiu.
Os petistas, sobretudo os de São Paulo, deixam claro que a legenda não abandonará as pretensões em 2010. "Nós não vamos abdicar de ter candidato [em 2010]", antecipa Rui Falcão, deputado estadual eleito e braço direito da ex-prefeita Marta Suplicy. Fortalecida politicamente ao assumir a coordenação de campanha de Lula em São Paulo, Marta Suplicy é apontada como um possível nome do PT para disputar a prefeitura em 2008, assim como a presidência ou o governo de São Paulo em 2010.
"Lula tem se manifestado várias vezes sobre um acordo nacional, logo no início do governo, para dar andamento a reformas que o país precisa. Seria importante uma unidade suprapartidária para implementá-las", disse Falcão. Segundo ele, a sucessão presidencial de 2010 "não está em pauta e o PT não começará a discuti-la".


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