São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Investigado, PT abre as contas da campanha

Dados bancários foram postos à disposição da Justiça e da PF, afirma Marco Aurélio Garcia

Coordenador da campanha de Lula disse que vai sugerir a juiz de Mato Grosso a derrubada do sigilo sobre inquérito do dossiê


MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A coordenação nacional da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição e o Diretório Nacional do PT colocaram ontem à disposição da Polícia Federal e da Justiça os respectivos sigilos bancários. A decisão foi tomada pelo PT diante da onda de especulações sobre novas descobertas da Polícia Federal sobre a origem do dinheiro utilizada por petistas na tentativa de comprar o dossiê que ligava tucanos à máfia dos sanguessugas.
O coordenador-geral da campanha de Lula e presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, informou ontem que advogados do partido também vão sugerir à Justiça Federal de Mato Grosso, onde foi instaurado o inquérito do caso dossiê, que o processo não transcorra mais sob sigilo.
"Que todas as informações que o juiz julgue procedente divulgar, as divulgue ele próprio. É uma decisão que cabe a ele, evidentemente. Mas estamos dando a sugestão. Vai evitar vazamentos, informações aqui e ali, segundo o que se diz, segundo o que se supõe. Do nosso ponto de vista, não temos nenhum inconveniente que seja divulgado", sugeriu Garcia.

Contas em SP
O coordenador considerou ainda que seria conveniente abrir as contas da campanha estadual de Aloizio Mercadante tomar a mesma atitude. "Acho que o senador Aloizio não teria nenhuma dificuldade de fazer a mesma coisa. Mas é um procedimento que nós adotados. Eu não quero constranger ninguém a isso. A nossa posição é essa."
Mercadante disse que seguirá o exemplo do Diretório Nacional. "Vou encaminhar imediatamente essa iniciativa", afirmou a jornalistas, na entrada do estúdio do SBT, ontem. "Tudo o que contribuir para esclarecer esse episódio é de meu maior interesse. Faço questão de que tudo seja esclarecido e tenho confiança no trabalho da Polícia Federal."
Garcia disse que não foi estipulado um período de abertura das contas do diretório do PT. Sobre a campanha, a renúncia do sigilo é de julho até agora. Segundo ele, os membros da Executiva Nacional foram consultados na quarta-feira sobre a renúncia ao sigilo bancário. "Foi unanimemente respaldado pela Executiva", disse o presidente do PT. Lula também foi informado, afirmou.
Para o coordenador de Lula, todos os dias são publicadas especulações "na condicional" sobre a origem do dinheiro. "Achamos que isso reforça a transparência das investigações. Mas não é nenhuma coação ao Judiciário. Se o juiz considerar que é bom procedimento, o fará", disse.

Ministro
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, demonstrou ser favorável ao levantamento do sigilo do processo sobre o dossiê. "Nessa altura eu acho que sim [é positivo]. Assim terminam as especulações, assim terminam as fantasias e a possibilidade de uso eleitoral".
Thomaz Bastos, que há algumas semanas descartava a possibilidade de conclusão do inquérito antes das eleições, agora mudou o discurso. "É um trabalho difícil, sério, cuidadoso. Ele não vai ser apressado e nem vai ser atrasado. Tem o tempo da investigação. Estamos torcendo e trabalhando para que seja decifrado o grande tema, que é a origem do dinheiro, antes da eleição."
Segundo o ministro, é um "perigo" acusar pessoas com base em "fragmentos não colocados na perspectiva geral". O ministro evitou comentar informações de que a PF, em Cuiabá, teria chegado a um "nome graúdo" no caso.
Garcia disse que a divulgação das fotos do dinheiro apreendido pela PF com petistas para a compra do dossiê já teria sido resultado da violação do segredo de Justiça. As fotos divulgadas não faziam parte do inquérito que transcorre sob sigilo.


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