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Eleições 2006/Sabatina Folha
Alckmin defende apoio de Garotinho
Tucano diz que alianças são necessárias para governar, mas se diferencia de Lula: "Aliança não pressupõe roubo"
FOLHA - Faltou conversar com seus
amigos sobre o apoio do casal Garotinho à sua campanha? O apoio enfraquece seu apelo pela ética?
GERALDO ALCKMIN - Aliança você
faz no primeiro turno. Nós fizemos uma aliança em torno de
um plano nacional de desenvolvimento. Fizemos a aliança
com o PFL, e depois integrou a
aliança o PPS. O ex-governador
do Rio declarou publicamente
que no primeiro turno votou na
Heloísa Helena. No segundo
turno, restaram dois candidatos. Até por exclusão, tem que
escolher. Eu era candidato a vice do Mario Covas e, no segundo turno, ficaram ele e o Francisco Rossi. O Maluf declarou
que ia votar no Covas e eu fui
com o Covas na sede do PP e ele
declarou que votaria no Covas.
Ninguém vai falar que o Covas
e o Maluf faziam aliança...
FOLHA - Mas o Garotinho declarou
que não é só uma exposição de
apoio que ele fez, ele disse que está
abrindo comitês etc. Isso não enfraquece sua posição em relação aos
questionamentos éticos?
ALCKMIN - Não, em nada, não
mudei um milímetro. Meu programa, proposta, história de vida política não mudam.
Não existe acordo. Apoio, ótimo, muito obrigado, O Garotinho não é candidato a nada. Isso teve uma dimensão um pouco maior porque quanto mais
perto vamos chegando dos problemas locais, a discussão fica
mais apaixonante.
FOLHA - Com o PFL, há aliança. E o
partido tem o governador eleito José Roberto Arruda e o senador Antonio Carlos Magalhães, que se envolveram no episódio da violação do
painel do Senado. O sr. acha que eles
são exemplos de ética?
ALCKMIN - Se alguém cometeu
uma infração, é punido. Aliás,
os dois foram eleitos. Não se
pode ter essa visão tão sectária
em política. São pessoas que
prestam serviço a seus Estados.
Não tenho razão pra ficar criticando ninguém.
FOLHA - Seu adversário, na sabatina da Folha, fez declarações de amor
ao governador eleito José Serra. O
que o sr. acha que ele quer com isso?
ALCKMIN - Isso é mais velho que
as histórias da carochinha. Se o
candidato fosse o Serra, ele estaria se derramando de elogios
a mim. É oportunismo.
FOLHA - Por que o Serra faz críticas
ao PT e jamais ao presidente Lula?
ALCKMIN - Mais crítica do que o
que o Serra faz é impossível. Ele
fala o dia inteiro que o governo
é errado. Ontem [anteontem]
estivemos na Força Sindical e o
discurso dele todo foi nacional.
E pau no governo.
FOLHA - O sr. diz que política tem
de se fazer de maneira flexível. Qual
é a diferença entre essa flexibilidade
e a famosa declaração do ator Paulo
Betti de que politica necessariamente se mete a mão naquilo que ele
disse e que eu não vou repetir?
ALCKMIN - Não há nenhuma
flexibilidade, princípios e valores são inflexíveis. Agora, o Brasil tem um quadro multipartidário, tem 29 partidos com registro no tribunal, tinha 19 partidos com assento na Câmara.
Você tem que fazer uma aliança
para poder governar.
FOLHA - É exatamente a mesma
coisa que o Lula nos disse.
ALCKMIN - Mas o problema não
é esse. Aliança não pressupõe
roubo, é diferente, é diferente.
Tem gente boa na politica, não
é só bandido não, tem gente
boa, os jornalistas conhecem os
bons jornalistas, político a gente conhece. O Lula se aliou ao
que há de pior na política brasileira, sob todos os pontos de
vista. O mensalão é subjugar
um poder ao outro, é uma visão
autoritária,de quem não tem
apreço pela democracia.
Não é um fato isolado, é uma
coisa institucional, não aprenderam com o erro. Você vê que
eles se repetem a cada semana.
Era a Secom, sumiram R$ 11
milhões. Aí qual foi a desculpa?
O material foi feito sim, só que
foi entregue nos diretório do
PT. Confessaram um crime
menor porque o outro é maior.
Aí passam os dias, vem o dossiê,
é um atrás do outro. Tá errado.
PERGUNTA DO LEITOR -
O senhor se sente traído ou abandonado por
setores do PSDB?
ALCKMIN - De maneira alguma.
O PSDB participou ativamente
da campanha, aliás o pessoal
todo vestiu a camisa, no Brasil
inteiro. Fomos crescendo, com
esforço, e devo muito isso ao
PSDB, à nossa aliança.
FOLHA - O sr., se eleito, vai encaminhar ao Congresso a proposta de extinção da reeleição?
ALCKMIN - Não tenha dúvida.
Você não pode ficar dependendo das virtudes do candidato. A
possibilidade de utilizar a máquina pública é absurda. Teoricamente, a reeleição só dá força
para o eleitor. Só que, na prática, estamos vendo um desvio
absurdo. Eu pretendo em janeiro mandar duas reformas: a
tributária e a politica,com fidelidade partidária e voto distrital. E mandato de quatro anos.
FOLHA - A sua proposta impediria
a reeleição já em 2010?
ALCKMIN - É óbvio que você não
pode mudar a regra depois de
feita. Não posso tirar o direito
dos governadores, que foram
eleitos numa regra.
FOLHA - Vamos supor que o sr. ganhe eleição. Vai tentar a reeleição?
ALCKMIN - Eu vou trabalhar no
meu mandato de quatro anos.
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