São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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Eleições 2006/Sabatina Folha

Alckmin defende apoio de Garotinho

Tucano diz que alianças são necessárias para governar, mas se diferencia de Lula: "Aliança não pressupõe roubo"

FOLHA - Faltou conversar com seus amigos sobre o apoio do casal Garotinho à sua campanha? O apoio enfraquece seu apelo pela ética?
GERALDO ALCKMIN -
Aliança você faz no primeiro turno. Nós fizemos uma aliança em torno de um plano nacional de desenvolvimento. Fizemos a aliança com o PFL, e depois integrou a aliança o PPS. O ex-governador do Rio declarou publicamente que no primeiro turno votou na Heloísa Helena. No segundo turno, restaram dois candidatos. Até por exclusão, tem que escolher. Eu era candidato a vice do Mario Covas e, no segundo turno, ficaram ele e o Francisco Rossi. O Maluf declarou que ia votar no Covas e eu fui com o Covas na sede do PP e ele declarou que votaria no Covas. Ninguém vai falar que o Covas e o Maluf faziam aliança...

FOLHA - Mas o Garotinho declarou que não é só uma exposição de apoio que ele fez, ele disse que está abrindo comitês etc. Isso não enfraquece sua posição em relação aos questionamentos éticos?
ALCKMIN -
Não, em nada, não mudei um milímetro. Meu programa, proposta, história de vida política não mudam. Não existe acordo. Apoio, ótimo, muito obrigado, O Garotinho não é candidato a nada. Isso teve uma dimensão um pouco maior porque quanto mais perto vamos chegando dos problemas locais, a discussão fica mais apaixonante.

FOLHA - Com o PFL, há aliança. E o partido tem o governador eleito José Roberto Arruda e o senador Antonio Carlos Magalhães, que se envolveram no episódio da violação do painel do Senado. O sr. acha que eles são exemplos de ética?
ALCKMIN -
Se alguém cometeu uma infração, é punido. Aliás, os dois foram eleitos. Não se pode ter essa visão tão sectária em política. São pessoas que prestam serviço a seus Estados. Não tenho razão pra ficar criticando ninguém.

FOLHA - Seu adversário, na sabatina da Folha, fez declarações de amor ao governador eleito José Serra. O que o sr. acha que ele quer com isso?
ALCKMIN -
Isso é mais velho que as histórias da carochinha. Se o candidato fosse o Serra, ele estaria se derramando de elogios a mim. É oportunismo.

FOLHA - Por que o Serra faz críticas ao PT e jamais ao presidente Lula?
ALCKMIN -
Mais crítica do que o que o Serra faz é impossível. Ele fala o dia inteiro que o governo é errado. Ontem [anteontem] estivemos na Força Sindical e o discurso dele todo foi nacional. E pau no governo.

FOLHA - O sr. diz que política tem de se fazer de maneira flexível. Qual é a diferença entre essa flexibilidade e a famosa declaração do ator Paulo Betti de que politica necessariamente se mete a mão naquilo que ele disse e que eu não vou repetir?
ALCKMIN -
Não há nenhuma flexibilidade, princípios e valores são inflexíveis. Agora, o Brasil tem um quadro multipartidário, tem 29 partidos com registro no tribunal, tinha 19 partidos com assento na Câmara. Você tem que fazer uma aliança para poder governar.

FOLHA - É exatamente a mesma coisa que o Lula nos disse.
ALCKMIN -
Mas o problema não é esse. Aliança não pressupõe roubo, é diferente, é diferente. Tem gente boa na politica, não é só bandido não, tem gente boa, os jornalistas conhecem os bons jornalistas, político a gente conhece. O Lula se aliou ao que há de pior na política brasileira, sob todos os pontos de vista. O mensalão é subjugar um poder ao outro, é uma visão autoritária,de quem não tem apreço pela democracia. Não é um fato isolado, é uma coisa institucional, não aprenderam com o erro. Você vê que eles se repetem a cada semana. Era a Secom, sumiram R$ 11 milhões. Aí qual foi a desculpa? O material foi feito sim, só que foi entregue nos diretório do PT. Confessaram um crime menor porque o outro é maior. Aí passam os dias, vem o dossiê, é um atrás do outro. Tá errado.

PERGUNTA DO LEITOR - O senhor se sente traído ou abandonado por setores do PSDB?
ALCKMIN -
De maneira alguma. O PSDB participou ativamente da campanha, aliás o pessoal todo vestiu a camisa, no Brasil inteiro. Fomos crescendo, com esforço, e devo muito isso ao PSDB, à nossa aliança.

FOLHA - O sr., se eleito, vai encaminhar ao Congresso a proposta de extinção da reeleição?
ALCKMIN -
Não tenha dúvida. Você não pode ficar dependendo das virtudes do candidato. A possibilidade de utilizar a máquina pública é absurda. Teoricamente, a reeleição só dá força para o eleitor. Só que, na prática, estamos vendo um desvio absurdo. Eu pretendo em janeiro mandar duas reformas: a tributária e a politica,com fidelidade partidária e voto distrital. E mandato de quatro anos.

FOLHA - A sua proposta impediria a reeleição já em 2010?
ALCKMIN -
É óbvio que você não pode mudar a regra depois de feita. Não posso tirar o direito dos governadores, que foram eleitos numa regra.

FOLHA - Vamos supor que o sr. ganhe eleição. Vai tentar a reeleição?
ALCKMIN -
Eu vou trabalhar no meu mandato de quatro anos.


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