São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Kassab e Marta intensificam ataques; propostas minguam

Prefeito é agressivo desde início de debate; petista volta a explorar ligação dele com Pitta Pela primeira vez, Marta fez mea-culpa por propaganda de sua campanha que questionava se o prefeito é casado ou tem filhos

EM SÃO PAULO
DA REPORTAGEM LOCAL

A uma semana do segundo turno das eleições, o penúltimo debate entre Gilberto Kassab (DEM) e Marta Suplicy (PT) foi tenso e praticamente sem nenhuma discussão de propostas.
Os dois candidatos à Prefeitura de São Paulo gastaram a maior parte das duas horas de confronto na TV Record com ataques mútuos. O clima de animosidade se estendeu aos apoiadores -que na platéia trocavam gritos de "cala a boca"- e perdurou até o final. Marta e Kassab não se cumprimentaram na saída.
Ao contrário do debate do dia 12, na TV Bandeirantes, dessa vez foi Kassab quem iniciou de forma agressiva. Logo de cara, afirmou que Marta não se afastou da "turma do mensalão". Ela não respondeu diretamente. Em seguida, o prefeito listou tributos que teriam sido discutidas na gestão Marta (01-04), como a "taxa da coxinha", tema que exploraria em boa parte do debate. "[Marta] vai ter que explicar sobre as taxas durante toda sua vida pública", disse.
Ao afirmar ironicamente que Marta é "traumatizada" com o assunto "taxa", ouviu grito de pedido de "respeito" da petista.
A ex-prefeita, que voltou a explorar a ligação de Kassab com o ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000), acusou Kassab de fazer um governo mesquinho, de não ter "peito" para fazer grandes obras, e por quatro vezes desculpas por tributos que criou em sua administração. "Aprendi com os erros que cometi, vou desonerar de tributos os paulistanos", disse.
Em meio à troca de chumbo, Kassab acabou se "apropriando" de uma retórica da adversária, neste segundo turno. "Em quem a gente tem que acreditar, na Marta que criou taxas ou na Marta que promete não criar taxas?" "Agora você copia até no debate", rebateu ela.
Pela primeira vez, Marta fez um mea-culpa pela propaganda de sua campanha que questionava se o prefeito era casado ou tinha filhos. Ela novamente negou insinuações sobre homossexualismo na peça e afirmou que se criou uma "celeuma" para abafar o histórico político de Kassab e de seu partido, o DEM, representante do "atraso" e do "coronelismo".
O pedido de desculpas veio após Kassab -que se disse "solteiro e feliz"- lembrar críticas feita por petistas. "Sinto que tenha molestado o candidato e outras pessoas do meu partido. A intenção do marqueteiro não foi essa e foi uma situação bastante constrangedora, principalmente para mim, que sempre fui uma defensora dos direitos humanos. Foi uma situação muito doída."
Sobre o conflito de quinta-feira entre as polícias Civil e Militar, Kassab defendeu o governador José Serra (PSDB), seu aliado. Marta falou em "incapacidade para a negociação".
Os dois "tropeçaram" em alguns momentos. Ao ler uma lista com o que "não tinha no tempo de Marta e agora tem", Kassab citou "gasolina fajuta". Marta falou em Copa do Mundo de "1914" (em vez de 2014). Ao ler o que falava, ele foi ironizado pela adversária: "Tem prefeito que não sabe dizer o que fez. Tem que ler". Os dois voltam a se enfrentar na sexta, na TV Globo. De acordo com o Datafolha, Kassab tem 53% das intenções de voto; Marta, 37%.
Ao final, a petista falou em desrespeito. "Senti ironia e tentativa de desqualificação. São gestos, são sutilezas de alguém que não respeita a mulher."


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