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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI NA MIRA
Partido defende que Lula seja candidato à reeleição e já discute as bases do programa de governo para um segundo mandato
PT defende Palocci, mas endossa pedido de Dilma por verbas
MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO
O presidente do PT, Ricardo
Berzoini, assumiu uma posição
neutra no embate entre os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e
Dilma Rousseff (Casa Civil): defendeu ao mesmo tempo a política econômica do primeiro e a agilidade na execução dos gastos do
orçamento, exigida pela segunda.
No entanto, reconhece que a
posição do partido está mais próxima das exigências da ministra,
que critica Palocci por retardar a
execução orçamentária e defende
a ampliação dos gastos sociais e
em em infra-estrutura. Dilma entende que a proposta de ajuste fiscal de longo prazo, defendida pela
Fazenda, "enxuga gelo".
"O ministro Palocci e a ministra
Dilma são competentes e sérios, e
têm expressado os pontos de vista
da atribuição de suas pastas: a Fazenda tende a ser mais conservadora na execução orçamentária e
a Casa Civil, que recolhe as demandas dos ministérios, busca
mais agilidade na execução. O PT,
assim como a ministra, defende
uma execução orçamentária mais
rápida, mas atenta para a competência e seriedade dos dois", resume o presidente da legenda.
Ele participou ontem de um seminário organizado pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao
partido, para discutir um "programa para a reeleição do presidente Lula", segundo as palavras
do ex-ministro da Educação, Tarso Genro, um dos palestrantes.
"[Este seminário] é extremamente importante, pois sabemos
que vamos apresentar um presidente à reeleição, e a construção
de um programa é fundamental.
Vemos esse tipo de debate a partir
da perspectiva da reeleição, para a
construção de um programa para
a reeleição do Lula", disse Tarso,
confirmando a candidatura de
Luiz Inácio Lula da Silva, que na
sexta-feira reconheceu que concorreria, mas depois recuou.
Ao contrário de Berzoini, seu
sucessor na presidência do PT,
Tarso defende para a política econômica mudanças futuras que
não desfaçam "o que já foi feito".
"Há, na minha opinião, uma visão de que precisamos reconstruir nosso projeto socioeconômico. Sem desconstituir o que já
foi feito, mas pensando em como
deve ser o Brasil nos próximos
quatro, dez, 15 anos", opinou.
Sobre as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à economia, e as provocações
dele sobre a viabilidade eleitoral
de Lula ("Vamos ganhar dele, como já ganhei duas vezes"), Tarso
rebate-as assim: "Se ele [FHC]
acha isso, então que se apresente
como candidato. Acho que preferimos o Fernando Henrique como candidato do PSDB, porque o
povo poderia então comparar os
índices sociais e econômicos do
nosso governo e os do dele".
Resposta a FHC
Fernando Henrique, durante a
convenção do PSDB na sexta-feira, aproveitou a crise política para
"pagar na mesma moeda" as críticas e denúncias que o PT fazia ao
seu governo (1995-2002).
O ex-presidente citou os sucessivos recordes no lucro dos bancos, obtidos durante a gestão Lula
e criticado pelo PT quando na
oposição, e as "denúncias no vazio para fazer propaganda", que,
segundo ele, faziam sobre sua administração. Quanto à política
econômica de Lula, o tucano classificou-a de "ultra-ortodoxa".
Berzoini defendeu os números
atuais da economia comparando-os com os do governo Fernando
Henrique, o qual acusou de promover um crescimento artificial
para ganhar a eleição em 1998.
"É preciso lembrar que o presidente Lula assumiu em 2003, tendo de reorganizar a economia. Os
tucanos deixaram o Brasil com as
contas externas quebradas, estagnação econômica e uma relação
dívida/PIB cada vez maior. A base
criada pelo presidente Lula é para
o crescimento sustentado. Portanto, diferente do PSDB, que
usou a política do "stop and go",
cresce e pára, e gerou crescimento
artificial para ganhar a eleição, como ocorreu em 1998."
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