São Paulo, domingo, 20 de novembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI NA MIRA

Partido defende que Lula seja candidato à reeleição e já discute as bases do programa de governo para um segundo mandato

PT defende Palocci, mas endossa pedido de Dilma por verbas

MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, assumiu uma posição neutra no embate entre os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil): defendeu ao mesmo tempo a política econômica do primeiro e a agilidade na execução dos gastos do orçamento, exigida pela segunda.
No entanto, reconhece que a posição do partido está mais próxima das exigências da ministra, que critica Palocci por retardar a execução orçamentária e defende a ampliação dos gastos sociais e em em infra-estrutura. Dilma entende que a proposta de ajuste fiscal de longo prazo, defendida pela Fazenda, "enxuga gelo".
"O ministro Palocci e a ministra Dilma são competentes e sérios, e têm expressado os pontos de vista da atribuição de suas pastas: a Fazenda tende a ser mais conservadora na execução orçamentária e a Casa Civil, que recolhe as demandas dos ministérios, busca mais agilidade na execução. O PT, assim como a ministra, defende uma execução orçamentária mais rápida, mas atenta para a competência e seriedade dos dois", resume o presidente da legenda.
Ele participou ontem de um seminário organizado pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, para discutir um "programa para a reeleição do presidente Lula", segundo as palavras do ex-ministro da Educação, Tarso Genro, um dos palestrantes.
"[Este seminário] é extremamente importante, pois sabemos que vamos apresentar um presidente à reeleição, e a construção de um programa é fundamental. Vemos esse tipo de debate a partir da perspectiva da reeleição, para a construção de um programa para a reeleição do Lula", disse Tarso, confirmando a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, que na sexta-feira reconheceu que concorreria, mas depois recuou.
Ao contrário de Berzoini, seu sucessor na presidência do PT, Tarso defende para a política econômica mudanças futuras que não desfaçam "o que já foi feito".
"Há, na minha opinião, uma visão de que precisamos reconstruir nosso projeto socioeconômico. Sem desconstituir o que já foi feito, mas pensando em como deve ser o Brasil nos próximos quatro, dez, 15 anos", opinou.
Sobre as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à economia, e as provocações dele sobre a viabilidade eleitoral de Lula ("Vamos ganhar dele, como já ganhei duas vezes"), Tarso rebate-as assim: "Se ele [FHC] acha isso, então que se apresente como candidato. Acho que preferimos o Fernando Henrique como candidato do PSDB, porque o povo poderia então comparar os índices sociais e econômicos do nosso governo e os do dele".

Resposta a FHC
Fernando Henrique, durante a convenção do PSDB na sexta-feira, aproveitou a crise política para "pagar na mesma moeda" as críticas e denúncias que o PT fazia ao seu governo (1995-2002).
O ex-presidente citou os sucessivos recordes no lucro dos bancos, obtidos durante a gestão Lula e criticado pelo PT quando na oposição, e as "denúncias no vazio para fazer propaganda", que, segundo ele, faziam sobre sua administração. Quanto à política econômica de Lula, o tucano classificou-a de "ultra-ortodoxa".
Berzoini defendeu os números atuais da economia comparando-os com os do governo Fernando Henrique, o qual acusou de promover um crescimento artificial para ganhar a eleição em 1998.
"É preciso lembrar que o presidente Lula assumiu em 2003, tendo de reorganizar a economia. Os tucanos deixaram o Brasil com as contas externas quebradas, estagnação econômica e uma relação dívida/PIB cada vez maior. A base criada pelo presidente Lula é para o crescimento sustentado. Portanto, diferente do PSDB, que usou a política do "stop and go", cresce e pára, e gerou crescimento artificial para ganhar a eleição, como ocorreu em 1998."


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