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Indecisão de Lula sobre ministros provoca desconfiança no mercado
LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK
Em meio à turbulência política
em período pré-eleitoral, a atitude
ambígua do presidente Luiz Inácio Lula da Silva perante as divergências entre os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma
Rousseff (Casa Civil) sinaliza a investidores que o país pode não estar comprometido com uma política de austeridade fiscal e pode
deixar os mercados nervosos.
Embora analistas financeiros
comecem a "despersonificar" a
política econômica da figura de
Palocci, o que reduz temores com
a possibilidade de sua saída do governo, teme-se que o governo não
esteja comprometido com uma
política de corte de despesas de
médio prazo.
O debate interno do governo
tem sido acompanhado de perto
por investidores estrangeiros, depois que Dilma classificou de rudimentares os esforços para eliminar o déficit orçamentário. Eles
esperavam um apoio mais forte a
Palocci por parte de Lula. Ao contrário do que ele disse em entrevista na sexta, essa divergência
não é considerada saudável.
"O presidente deu apoio a Palocci, mas ficou aquém do requerido pela gravidade dos fatos. O
risco dessa divergência no governo é jogar fora a boa maré. A conseqüência da falta de convicção
do presidente Lula é um crescimento menor", disse Paulo Leme,
do banco Goldman Sachs.
"A mensagem que se capta é
que um certo abrandamento da
política fiscal poderia ter excelentes resultados, uma receita tentadora para eleições mais fáceis.
Mas essa sutil percepção começa
a arrancar a armadura de credibilidade do Brasil", completou.
Analistas de agências de risco
têm muito mais cautela nesse sentido e consideram que a turbulência é momentânea, ligada ao cenário político. Porém, cobram sinais mais fortes de continuidade
na austeridade fiscal, conforme
projeto de Palocci para cortes de
despesas correntes.
Cautela
Sem descartar reações de mercado, as agências Standard&Poors e Fitch avaliam que a
notas de risco do Brasil dependem mais da execução das políticas que as especulações atuais.
"Mudanças no rumo da política
econômica, como uma redução
do superávit primário não seria
um bom sinal. Mas acho que seria
o caso de esperar para ver quem
entraria se Palocci sair e o que
mudaria. Nossa análise não seria
muito reativa ou precoce", disse
Roger Scher, diretor da Fitch.
Para Lisa Schineller, diretora
Standard & Poor's, diferenças de
opinião sempre existiram, dentro
do PT e da base aliada, mas o
compromisso com a prudência
fiscal tem sido mantido.
"Não vou descartar um mercado nervoso, mas nossa avaliação
desconsidera a volatilidade momentânea, precisamos ver além
da turbulência", completou.
Os analistas, defendem, como
Palocci, cortar despesas e "aumentar a qualidade" dos gastos
como forma reduzir a vulnerabilidade, diminuir os juros e propiciar o crescimento sem inflação.
Oponentes de Palocci, como a
própria ministra Dilma Rousseff,
querem aumento de gastos nas
áreas social e de infra-estrutura
para elevar o crescimento do país.
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