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Painel
Renata Lo Prete - painel@uol.com.br
Linha direta
O PT busca uma fórmula para "absorver" um novo
ator político: o grande contingente de beneficiários de
programas sociais do governo Lula, não vinculados a
movimentos sociais nem a sindicatos, ambos historicamente ligados ao partido. "Temos a preocupação de
encontrar meios de nos relacionar com essa massa da
população que passou a se sentir contemplada", afirma a líder petista no Senado, Ideli Salvatti (SC).
Em vários pontos do país, já existem associações e
cooperativas que, de forma embrionária, estão reunindo a clientela de programas como Bolsa Família,
ProUni e Luz para Todos. É por meio delas que o PT
espera integrar esses grupos, que, acredita, terão importância na construção de um projeto para 2010,
quando o nome de Lula não estiver mais na cédula.
Recaída. Quem esteve com
Lula na quinta e na sexta notou que o presidente, depois
de um encontro com o PT e
outro com o PMDB, voltou a
manifestar sinais de impaciência com a articulação política, tarefa à qual havia prometido se dedicar pessoalmente no segundo mandato.
Onde pega. Um tucano
graúdo que assiste de camarote ao vaivém de Lula com o
PMDB aposta que, acima de
tudo, é a presidência da Câmara que está travando a negociação. Se Lula fizer questão, conseguirá manter Aldo
Rebelo (PC do B-SP) na cadeira. Mas vai custar muito caro.
13. Correligionários pró-Lula apelidaram Michel Temer
de "Zagallo do PMDB", devido
à sua anunciada intenção de
permanecer na presidência
do partido até o final do mandato, no melhor estilo "vocês
vão ter que me engolir".
Cobras... Quando se queixaram de José Dirceu para Lula,
os peemedebistas sabiam do
que falavam. Ontem, em seu
blog, o ex-ministro estocou o
PMDB por "querer tudo".
"Parece até que elegeu o presidente da República e tem
maioria no Congresso."
...e lagartos. Sobrou também para o presidente da Câmara. "Vamos lembrar que
Aldo Rebelo foi uma solução
de compromisso num momento especial", escreveu o
deputado cassado, que incita
o PT a lutar pelo posto.
Cristais. Chegaram aos ouvidos de Jorge Gerdau as restrições de gente graúda do sistema financeiro à eventual ida
do empresário para a Fazenda. Como esse cenário parecia
improvável, e dado que nenhum outro cargo no governo
lhe interessa, Gerdau optou
por sair da história com elegância, declarando-se "à disposição" de Lula para tudo, menos ser ministro.
Vento a favor. Um auxiliar próximo de Lula afirma
que a retirada dos investimentos em saneamento e infra-estrutura do cálculo do
superávit primário, tantas vezes discutida, vai emplacar no
pacote de medidas a ser anunciado pelo presidente.
Posteridade. Lula sugeriu
ao governador eleito do DF,
José Roberto Arruda (PFL), a
instalação de um "andar dos
presidentes" no novo Museu
Nacional de Brasília, em fase
final de construção. A ala reuniria a memorabilia do petista
e dos antecessores, hoje dispersa em acervos pessoais.
Aceno. A pedido de Lula, o
ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, chamará o
senador e ex-vice-presidente
Marco Maciel (PFL-PE) para
discutir a reforma política.
Bandeira. O PFL quer cavar espaço na área social do
governo José Serra. O partido
raciocina que, para voltar a
crescer, precisa fincar pé no
Sul e no Sudeste.
Sem chance. O presidente
da Assembléia paulista, Rodrigo Garcia (PFL), movimentou-se para ocupar uma
pasta no governo Serra. Agricultura de preferência. Mas
não vai rolar. O tucano não
quer. Gilberto Kassab idem.
Tiroteio
Se o presidente não sinalizar na montagem do
ministério e nos seus discursos uma mudança
de rumo, a tensão com os movimentos sociais
será inevitável já no início do ano que vem.
De GUSTAVO PETTA , presidente da União Nacional dos Estudantes, sobre as perspectivas para o segundo mandato de Lula.
Contraponto
Astro da casa
Lula decidiu encerrar sua campanha na Capela do Socorro, bairro da periferia sul de São Paulo onde os irmãos
Tatto -Jilmar, deputado federal eleito, Enio, estadual, e
Arselino, vereador- têm grande influência.
À espera do presidente, Arselino discursava empolgado
quando o público ouviu uma saraivada de fogos. A equipe
de apoio começou a se movimentar, enquanto petistas no
palanque tentavam identificar por qual rua Lula chegaria.
O vereador Paulo Fiorilo, presidente do PT paulistano,
já seguia na direção de Arselino para anunciar a presença
do presidente quando foi alertado por um assessor:
-Fica tranqüilo. Os fogos aí são pro Tatto mesmo.
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