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Atendimento de saúde ficou pior, diz ONG
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos quatro anos, a
despeito da melhora demográfica, o atendimento de saúde
aos povos indígenas piorou, é o
que aponta o compêndio "Povos Indígenas no Brasil 2001/
2005", do ISA (Instituto Socioambiental).
O número de crianças indígenas que morreram por desnutrição voltou a subir. Eram 49
mortes por cada grupo de mil
crianças em 2004, e passaram a
50,9. Os casos mais graves
aconteceram entre os caiovás,
em Mato Grosso do Sul.
Há também o caso dos ianomâmi de Roraima, onde recrudesceu a malária. Um dado reforçou o alarme: segundo um
relatório da Funasa de Roraima, os casos da doença aumentaram 470%, se comparados o
primeiro semestre de 2005 e o
primeiro semestre deste ano.
Entidades e lideranças indígenas dizem que uma razão para a piora é o loteamento político da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), responsável pelo
atendimento. "O maior erro do
governo Lula é que a saúde indígena se tornou partidária. O
PMDB é quem manda", disse à
Folha Hiparidi Toptira, 33, liderança xavante.
Para analistas da questão, a
transição do modelo de saúde
indígena contribuiu. Desde
2004, a Funasa reassumiu o
controle de funções do atendimento, como compra de remédios. Contratos com ONGs responsáveis pelo trabalho na
ponta foram revistos -alguns
por problemas nas prestações
de contas- e outros substituídos por novos convênios.
"Houve um retrocesso [no
processo de terceirização]. O
atendimento foi repassado à
Funasa deixando grande parte
das conveniadas sem condições
para trabalhar", diz Beto Ricardo, do ISA. O vice-presidente
do Cimi, Saulo Feitosa, diz, porém, que o problema não foi
frear a terceirização, mas a falta
de condições do Estado para assumir o atendimento. Cobram
concursos específicos de funcionários para tratar os índios.
O presidente da Funasa, Paulo Lustosa (PMDB), em entrevista ao ISA, defendeu o trabalho e contestou: "Não há e não
houve loteamento", diz. Admite problemas com as indicações
políticas, como no Maranhão,
mas afirma que só nove dos 26
Dsei (Distritos Especiais de
Saúde Indígena) tiveram as
chefias trocadas desde que o
PMDB assumiu o órgão.
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