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São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2003

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Presidente faz ironia sobre Dirceu e Palocci

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em discurso feito para a bancada de deputados federais, ministros e senadores do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ilustrou de forma bem-humorada divergências entre seus dois principais ministros, Antonio Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil).
Segundo Lula, se prevalecesse a vontade de Dirceu, os juros do Banco Central teriam caído dez pontos percentuais na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária. Para ele, Lula, a queda de um ponto foi a ideal. "Agora, se dependesse do Palocci, só teria caído meio ponto", disse o presidente, segundo relato de presentes ao churrasco de confraternização anteontem em Brasília. Os juros do BC caíram de 17,5% para 16,5% ao ano.
O churrasco -de peixe e de javonteiro, uma mistura de javali com porco monteiro- aconteceu na Granja do Torto.
A frase de Lula foi dita para demonstrar que ele reconhece as divergências em sua base, mas que quer mais unidade. Segundo os presentes, ele cobrou o fim das críticas a Palocci: "Vamos parar de dizer que o Palocci é de direita, o Palocci é do governo", disse, repetindo que o ministro não faz nada sem seu aval. "Ou quase nada", teria brincado.
Expulso do PT no último domingo, o deputado João Fontes (SE) acabou, por ironia, colaborando com a confraternização. Anteontem, a oposição fazia obstruções regimentais em uma votação da Câmara, o que arrastava a sessão noite adentro e deixava aflitos os convidados para o churrasco. Faltava um deputado para que os governistas conseguissem quórum. Fontes deu o voto que faltava. "Volta João Fontes! Anistia!", gritaram membros da esquerda petista. Segundo Chico Alencar (RJ), o grupo convidou Fontes a ir ao Torto. "Aí já é demais", teria dito o deputado.
A maioria dos convidados só chegou depois das 23h. Apenas Lula e Frei Betto, assessor especial do presidente, falaram. Lula disse reconhecer ter sido difícil a conversão de oposição a governo, onde o "sonho se confronta com a realidade".
Deputados, senadores e ministros -além de Palocci e Dirceu, pelo menos outros três (Dilma Rousseff, Marina Silva e Ricardo Berzoini)- participaram do churrasco e iniciaram uma animada roda de música, com o violão do deputado Colombo (PR) e as batucadas do deputado José Mentor (SP).
Caipira, forró, MPB e samba foram alguns dos estilos. Lula pediu: "Índia", canção famosa na gravação de Gal Costa.
O presidente se recolheu por volta das 2h30, mas um grupo -que incluía o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (SP)- ficou até as 3h30 e seguiu para a casa do deputado Patrus Ananias (MG), onde encerraram a festa às 5h.
Os senadores Tião Viana (AC), líder do PT, e Paulo Paim (RS) não compareceram, apesar de convidados, em protesto contra a possibilidade de rompimento do acordo para votar a PEC paralela da Previdência.
(RANIER BRAGON e FERNANDA KRAKOVICS)


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