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Presidente faz ironia sobre Dirceu e Palocci
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em discurso feito para a bancada de deputados federais,
ministros e senadores do PT, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ilustrou de forma bem-humorada divergências entre
seus dois principais ministros,
Antonio Palocci (Fazenda) e
José Dirceu (Casa Civil).
Segundo Lula, se prevalecesse a vontade de Dirceu, os juros
do Banco Central teriam caído
dez pontos percentuais na reunião desta semana do Comitê
de Política Monetária. Para ele,
Lula, a queda de um ponto foi a
ideal. "Agora, se dependesse do
Palocci, só teria caído meio
ponto", disse o presidente, segundo relato de presentes ao
churrasco de confraternização
anteontem em Brasília. Os juros do BC caíram de 17,5% para
16,5% ao ano.
O churrasco -de peixe e de
javonteiro, uma mistura de javali com porco monteiro-
aconteceu na Granja do Torto.
A frase de Lula foi dita para
demonstrar que ele reconhece
as divergências em sua base,
mas que quer mais unidade.
Segundo os presentes, ele cobrou o fim das críticas a Palocci: "Vamos parar de dizer que o
Palocci é de direita, o Palocci é
do governo", disse, repetindo
que o ministro não faz nada
sem seu aval. "Ou quase nada",
teria brincado.
Expulso do PT no último domingo, o deputado João Fontes
(SE) acabou, por ironia, colaborando com a confraternização. Anteontem, a oposição fazia obstruções regimentais em
uma votação da Câmara, o que
arrastava a sessão noite adentro e deixava aflitos os convidados para o churrasco. Faltava
um deputado para que os governistas conseguissem quórum. Fontes deu o voto que faltava. "Volta João Fontes! Anistia!", gritaram membros da esquerda petista. Segundo Chico
Alencar (RJ), o grupo convidou
Fontes a ir ao Torto. "Aí já é demais", teria dito o deputado.
A maioria dos convidados só
chegou depois das 23h. Apenas
Lula e Frei Betto, assessor especial do presidente, falaram. Lula disse reconhecer ter sido difícil a conversão de oposição a
governo, onde o "sonho se confronta com a realidade".
Deputados, senadores e ministros -além de Palocci e
Dirceu, pelo menos outros três
(Dilma Rousseff, Marina Silva e
Ricardo Berzoini)- participaram do churrasco e iniciaram
uma animada roda de música,
com o violão do deputado Colombo (PR) e as batucadas do
deputado José Mentor (SP).
Caipira, forró, MPB e samba
foram alguns dos estilos. Lula
pediu: "Índia", canção famosa
na gravação de Gal Costa.
O presidente se recolheu por
volta das 2h30, mas um grupo
-que incluía o presidente da
Câmara, João Paulo Cunha
(SP)- ficou até as 3h30 e seguiu para a casa do deputado
Patrus Ananias (MG), onde encerraram a festa às 5h.
Os senadores Tião Viana
(AC), líder do PT, e Paulo Paim
(RS) não compareceram, apesar de convidados, em protesto
contra a possibilidade de rompimento do acordo para votar a
PEC paralela da Previdência.
(RANIER BRAGON e FERNANDA KRAKOVICS)
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