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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
O troco
Em resposta à decisão do STF que abortou o aumento de 91% autoconcedido pelos parlamentares, líderes do Congresso dizem que as "reformas moralizadoras" para economizar R$ 157 milhões, anunciadas
na semana passada, vão virar pó caso a equiparação
salarial com os ministros do Supremo não vingue. O
próprio presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), tem sugerido que a disposição para cortar diárias,
viagens e horas extras diminuirá se o salário subir para "apenas" R$ 16.500. Outra vítima será o enquadramento dos congressistas que, por acúmulo de outras
remunerações, ganham acima do teto constitucional
de R$ 24.500. "Sem a equiparação, tudo se perde", lamenta Ciro Nogueira (PP-PI), da Mesa Diretora.
No aguardo. A compra de
11 carros para a direção da Câmara, a um custo de R$ 919
mil, não foi cancelada, mas
apenas adiada, segundo o
"Diário Oficial" de ontem. A
licitação ocorrerá "em data a
ser posteriormente fixada".
Escalonado. Aldo Rebelo
recebeu de alguns deputados,
na semana passada, a sugestão de parcelar os 91% ao longo dos quatro anos da nova legislatura. Preferiu arriscar tudo de uma vez, supondo que o
desgaste seria menor.
Outras palavras. O líder
da bancada do PTB na Câmara, José Múcio (PE), afirma
ter previsto a "fuga dos sérios"
-e não "de cérebros"- do
Congresso caso seja mantido
o atual patamar salarial.
Eu também. Renato Casagrande (PSB) procurou a imprensa para "lembrar" que assinou o mandado de segurança contra o superaumento.
Não foi pessoalmente ao STF,
mas mandou procuração.
Guilhotina. De Gustavo
Fruet (PSDB-PR), sobre a
frustrada tentativa dos parlamentares de dobrar o próprio
salário: "Foi assim que começou a Revolução Francesa".
Na mão. Decidido a passar
por um protesto contra os
91% em frente ao teatro Guaíra, onde os eleitos do Paraná
estavam sendo diplomados, o
deputado Reinhold Stephanes (PMDB) foi às vias de fato
com os manifestantes.
Contágio. Ao chegar à cerimônia de diplomação em Minas, Júlio Delgado (PSB) foi
direto ao cerimonial do TRE
para perguntar se os lugares
no auditório haviam sido distribuídos por ordem alfabética. Diante da resposta positiva, o deputado trocou de cadeira para não ficar ao lado do
enrolado Juvenil Alves (PT).
Há vaga. Rolf Hackbart
não deve continuar na presidência do Incra. O cargo é
uma espécie de reserva de
mercado da esquerda petista.
Férias frustradas. Márcio Thomaz Bastos, que começará 2007 ainda como ministro da Justiça a pedido de
Lula, planejava viajar no dia 2
de janeiro para sua casa no
Guarujá (SP). "Não vejo a hora de parar", chegou a dizer a
um amigo na semana passada.
Largada. No minipacote
econômico a ser anunciado
amanhã, Lula vai listar cerca
de 15 obras para eliminar gargalos de infra-estrutura. O setor energético será "prioridade das prioridades". O item
"novas usinas nucleares", porém, ainda está em debate.
Vermelho. O PT não conseguirá cumprir a meta de zerar as dívidas da campanha de
Lula até o dia 31. Empresários
que haviam se disposto a cobrir o rombo de R$ 10 milhões
têm alegado gastos extras de
fim de ano para empurrar as
contribuições para 2007.
Em caixa. Sem dinheiro
para investir a partir de janeiro, o governador reeleito Luiz
Henrique (PMDB) concluiu
ontem às pressas o leilão das
contas do funcionalismo de
Santa Catarina, que passarão
do Besc para o Bradesco. A
transação, marcada por uma
série de contestações judiciais, rendeu R$ 210 milhões.
Tiroteio
"A revolta contra o aumento é justa. Mas, se
queremos uma República de verdade, é hora de
questionar também os salários do Judiciário".
Do deputado CARLITO MERSS (PT-SC) sobre a reação da opinião pública
à equiparação do salário dos deputados ao dos ministros do Supremo,
que na prática dobraria a remuneração dos parlamentares.
Contraponto
Chance perdida
No domingo, o deputado estadual Ítalo Cardoso resolveu comprar mangas em uma feira no Jardim Míriam, zona sul paulistana. Ao parar na barraca de frutas, o petista
foi imediatamente reconhecido pela feirante, sua eleitora.
-Que pena, seu "Ito", que o senhor não conseguiu se
eleger deputado federal...
Cardoso ainda tentava entender o sentido do comentário quando a feirante completou seu raciocínio:
-Olha só o salarião que o senhor perdeu!
Antes que o público em volta manifestasse opinião sobre o superaumento autoconcedido pelos parlamentares,
o petista achou melhor pagar as mangas e ir para casa.
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