|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Votação marcada para hoje deve definir salário
LETÍCIA SANDER
FERNANDA KRAKOVICS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Desautorizados pelo Supremo Tribunal Federal, os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo
(PC do B-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), devem submeter hoje ao crivo dos
plenários das duas Casas a decisão sobre o reajuste no salário
dos parlamentares.
Preocupados com a exposição pública de uma votação
aberta, deputados e senadores
reavaliavam ontem a proposta
inicial de equiparar reajustar os
contracheques em 91%, elevando os atuais salários de R$
12.847 ao teto dos ministros do
STF, de R$ 24,5 mil mensais.
A tendência verificada no final da tarde de ontem era de
apenas repor as perdas com a
inflação no período, o que elevaria o salário para R$ 16,5 mil.
"Eu acho que o teto é moralizante, põe um limite", afirmou
Renan, sinalizando que persiste na defesa da equiparação. "Se
esse é o caminho determinado
pelo STF, que as propostas
existentes sejam então submetidas ao plenário", disse Aldo.
Uma definição mais concreta
do valor, entretanto, só deve
sair após uma reunião de líderes e integrantes das Mesas Diretoras das duas Casas, marcada para as 11h de hoje.
A cúpula do Congresso havia
decidido na semana passada,
por um ato administrativo, elevar os salários para R$ 24,5 mil.
Mas o STF sepultou a possibilidade de fazer isso por meio de
um "atalho", sem votação.
Ao serem obrigados a levar a
decisão a plenário, Aldo e Renan perderam o apoio de líderes que antes eram a favor dos
R$ 24,5 mil. Apesar de ser um
recuo, a decisão do Supremo livrou os presidentes de assumirem sozinhos o desgaste.
Embora pela lei os parlamentares não precisem definir seus
salários até o final do ano, a intenção é essa, para não sofrer
um novo desgaste no futuro.
Quórum baixo
Mas há uma preocupação
com o baixo quórum no Congresso, às vésperas do Natal. Aldo e Renan começaram a mobilizar os parlamentares para que
estejam em Brasília hoje.
O projeto de decreto legislativo que estabelecerá a remuneração precisa ser aprovado
por maioria simples, na Câmara e no Senado. Para isso, é necessário um quórum mínimo
de 257 dos 513 deputados e 41
dos 81 senadores.
No Senado, PT e do PDT fecharam questão ontem a favor
dos R$ 16,5 mil. Tucanos e pefelistas também defendiam reservadamente essa saída.
"Acho que não tem clima para fixar nesse valor [R$ 24,5
mil]", disse o senador José Sarney (PMDB-AP), que se reuniu
ontem com Renan e Aldo.
Na Câmara, onde a proposta
de equiparação sempre teve
mais apoio, partidos que até
ontem defendiam convictos a
elevação para R$ 24,5 mil ficaram em cima do muro, como o
PP e o PR. Já PT, PSOL, PPS e
PV se posicionaram formalmente contra a equiparação.
"Na quinta-feira passada, o
argumento de 26 pessoas [dos
29 presentes em reunião da
Mesa] era de que o reajuste era
justo, legal e oportuno. E nós
fomos taxados de hipócritas,
demagogos e oportunistas. Vai
ser muito pedagógica a mutação de uma reunião a portas fechadas para uma discussão
aberta", disse o deputado Chico
Alencar (PSOL-RJ).
Indefinição
O deputado Ciro Nogueira
(PP-PI) resumia ontem o clima
de indefinição: "Até ontem,
95% dos deputados ligavam para respaldar a decisão dos R$
24,5 mil. Mas, na hora de meter
a cara, não sei o que vai dar".
A idéia predominante é colocar em plenário um projeto de
decreto fixando o salário em R$
16,5 mil. Caso haja clima, o baixo clero -grupo de deputados
sem grande expressão política,
mas maioria na Casa- poderá
apresentar uma emenda elevando o valor para R$ 24,5 mil.
A bancada do PT no Senado
pretende apresentar uma proposta de emenda constitucional fixando os R$ 16,5 mil como
teto do funcionalismo público,
o que, na prática, reduziria os
salários dos ministros do STF.
O tucano Eduardo Gomes (TO)
tem uma proposta de aumento
escalonado que elevasse o salário dos parlamentares a R$ 24,5
mil em quatro anos. Neste período, os vencimentos dos ministros deveriam ficar congelados. Também se discute a possibilidade de incluir no debate
o corte de verbas extras.
Texto Anterior: STF barra reajuste de 91%; Congresso já ensaia recuo Próximo Texto: Frases Índice
|