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Lula decide manter Mantega e Meirelles
Permanência de ambos revela um rumo moderado da política econômica no 2º mandato; petista arbitrará embates
Médico José Gomes Temporão é nome do PMDB que poderá assumir o Ministério da Saúde; Furlan reiterou desejo de sair
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter Guido Mantega no Ministério da
Fazenda e Henrique Meirelles
na presidência do Banco Central. Isso sinaliza a manutenção
de um caminho moderado na
economia e também de um modelo de discussão na área que
pressupõe visões conflitantes.
Ou seja, Lula não cederá aos
apelos do grupo que se autodenomina "desenvolvimentista"
e que desejava derrubar Mei-
relles. Continuará como árbitro de discussões.
Em acordo com o PMDB, Lula deverá nomear em breve o
médico José Gomes Temporão
para o comando do Ministério
da Saúde. Temporão já ocupa o
segundo escalão da pasta (Secretaria de Atenção à Saúde).
A Folha apurou que a tendência é o ministro Luiz Fernando Furlan deixar a pasta do
Desenvolvimento, Indústria e
Comércio. Furlan alega razões
familiares e disse anteontem a
Lula que está inclinado a deixar
o posto, o que reabre a possibilidade de surpresa na equipe do
segundo mandato. Auxiliares
voltam a apostar na escolha de
um empresário do perfil de
Jorge Gerdau para a área.
O presidente tem dito nas
conversas reservadas que deseja que o deputado federal Delfim Netto (PMDB), que não se
reelegeu, tenha um cargo no
governo. Por ter sido ministro
da ditadura militar de 1964,
Delfim não chefiaria um ministério porque seria desgastante
politicamente. A tendência hoje é assumir uma assessoria especial no Palácio do Planalto
ou a presidência de um organismo como o Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento.
Lula adiou a escolha do novo
ministro da Justiça, pasta ocupada hoje por Márcio Thomaz
Bastos, a fim de refletir melhor
entre Tarso Genro (Relações
Institucionais), Sepúlveda Pertence (ministro do Supremo) e
uma eventual surpresa, como o
deputado federal José Eduardo
Martins Cardozo (PT-SP).
Lula está indeciso em relação
a convidar a ex-prefeita Marta
Suplicy a comandar uma pasta
no primeiro escalão. Gosta de
Marta, mas tem restrições ao
grupo político da prefeita. Ela
mostra disposição de abrir mão
de uma candidatura à Prefeitura de São Paulo em 2008 para
dirigir um ministério.
Outro entrave: como precisa
dar ministérios aos aliados em
nome do "governo de coalizão",
Lula tem de tirar espaço do PT.
Nomear Marta e o petista Jorge Viana, que deixará o governo
do Acre em 1º de janeiro, estreita sua margem de manobra.
Marina Silva deve continuar
no Meio Ambiente. Ela recebeu apoio de Viana, que prefere, se houver espaço no xadrez,
uma pasta de infra-estrutura
ou a coordenação política.
Lula, porém, estuda acabar
com a pasta das Relações Institucionais, especialmente se
Tarso for o escolhido para a
Justiça. Suas atribuições seriam repartidas entre a Casa
Civil e a Secretaria Geral. Lula
avalia eventuais mudanças no
formato do primeiro escalão,
que hoje tem 34 ocupantes.
O presidente pretendia realizar boa parte da reforma ministerial até o Natal, mas, com
o atraso das discussões sobre
economia, tende a fazer apenas
alguns poucos anúncios.
Lula pretende fechar hoje as
discussões internas sobre as
medidas econômicas, mas algumas ainda não estão completamente formatadas. Por ora,
está mantida a disposição de
anunciá-las amanhã.
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