São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

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Lula decide manter Mantega e Meirelles

Permanência de ambos revela um rumo moderado da política econômica no 2º mandato; petista arbitrará embates

Médico José Gomes Temporão é nome do PMDB que poderá assumir o Ministério da Saúde; Furlan reiterou desejo de sair


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter Guido Mantega no Ministério da Fazenda e Henrique Meirelles na presidência do Banco Central. Isso sinaliza a manutenção de um caminho moderado na economia e também de um modelo de discussão na área que pressupõe visões conflitantes.
Ou seja, Lula não cederá aos apelos do grupo que se autodenomina "desenvolvimentista" e que desejava derrubar Mei- relles. Continuará como árbitro de discussões.
Em acordo com o PMDB, Lula deverá nomear em breve o médico José Gomes Temporão para o comando do Ministério da Saúde. Temporão já ocupa o segundo escalão da pasta (Secretaria de Atenção à Saúde).
A Folha apurou que a tendência é o ministro Luiz Fernando Furlan deixar a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Furlan alega razões familiares e disse anteontem a Lula que está inclinado a deixar o posto, o que reabre a possibilidade de surpresa na equipe do segundo mandato. Auxiliares voltam a apostar na escolha de um empresário do perfil de Jorge Gerdau para a área.
O presidente tem dito nas conversas reservadas que deseja que o deputado federal Delfim Netto (PMDB), que não se reelegeu, tenha um cargo no governo. Por ter sido ministro da ditadura militar de 1964, Delfim não chefiaria um ministério porque seria desgastante politicamente. A tendência hoje é assumir uma assessoria especial no Palácio do Planalto ou a presidência de um organismo como o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento.
Lula adiou a escolha do novo ministro da Justiça, pasta ocupada hoje por Márcio Thomaz Bastos, a fim de refletir melhor entre Tarso Genro (Relações Institucionais), Sepúlveda Pertence (ministro do Supremo) e uma eventual surpresa, como o deputado federal José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP).
Lula está indeciso em relação a convidar a ex-prefeita Marta Suplicy a comandar uma pasta no primeiro escalão. Gosta de Marta, mas tem restrições ao grupo político da prefeita. Ela mostra disposição de abrir mão de uma candidatura à Prefeitura de São Paulo em 2008 para dirigir um ministério.
Outro entrave: como precisa dar ministérios aos aliados em nome do "governo de coalizão", Lula tem de tirar espaço do PT. Nomear Marta e o petista Jorge Viana, que deixará o governo do Acre em 1º de janeiro, estreita sua margem de manobra.
Marina Silva deve continuar no Meio Ambiente. Ela recebeu apoio de Viana, que prefere, se houver espaço no xadrez, uma pasta de infra-estrutura ou a coordenação política.
Lula, porém, estuda acabar com a pasta das Relações Institucionais, especialmente se Tarso for o escolhido para a Justiça. Suas atribuições seriam repartidas entre a Casa Civil e a Secretaria Geral. Lula avalia eventuais mudanças no formato do primeiro escalão, que hoje tem 34 ocupantes.
O presidente pretendia realizar boa parte da reforma ministerial até o Natal, mas, com o atraso das discussões sobre economia, tende a fazer apenas alguns poucos anúncios.
Lula pretende fechar hoje as discussões internas sobre as medidas econômicas, mas algumas ainda não estão completamente formatadas. Por ora, está mantida a disposição de anunciá-las amanhã.


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