São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Pela culatra

Sem prejuízo do descaso do Senado pela opinião e pelas contas públicas, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), pode não conseguir o que pretendia ao rejeitar a farra de novas vagas e recursos para vereadores que a Casa vizinha havia aprovado.
Chinaglia quer um ministério a partir de fevereiro, quando termina seu apagado mandato. Ao bater boca com o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), colocou pedras no próprio caminho, em vez de pavimentá-lo. E, ao admitir publicamente que planeja disputar o governo de São Paulo em 2010, aumentou sua zona de atrito dentro do PT. Nessa fila, ele ocupa no máximo um lugar na divisão intermediária.



Terceirização. Na bancada petista, há quem ache que Chinaglia poderia perfeitamente ter deixado para o Supremo a tarefa de derrubar a farra aprovada pelo Senado.

Que fase! Como se não bastasse a altercação com Garibaldi, Chinaglia também enfrenta a ira das feministas -inclusive de seu partido.
Nota da Secretaria de Mulheres do PT investe contra o presidente da Câmara por ter endossado a criação de uma CPI para investigar casos de aborto. "Revela o desapreço por milhares de brasileiras."

Paladino 1. Do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que votou a favor da criação de 7.343 novas cadeiras de vereador no país, sobre a decisão de Arlindo Chinaglia: "Surfar na onda da moralidade é fácil demais. Ele jogou para a galera porque agora todo mundo é contra". Quando se trata de bater no governo, Torres é especialista em "surfar na onda da moralidade".

Paladino 2. O senador explica por que é a favor do inchaço nas Câmaras sem restrição ao aumento de gastos: "Se houvesse redução de vagas seria até interessante. O que não pode é o Judiciário legislar no lugar do Congresso".

Gomes. Em sua origem, a emenda dos vereadores teve participação ativa do então deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, que voltou ao noticiário na Operação Satiagraha da Polícia Federal.

Carrasco 1. Observadores de julgamentos do TSE se impressionam com o rigor nos pareceres enviados ao plenário pelo vice-procurador eleitoral, Francisco Xavier. Os casos mais recentes são os dos governadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Jackson Lago (PDT-MA) e do deputado "infiel" Walter Brito (PRB-PB). Nos três, Xavier deu aquela força à cassação.

Carrasco 2. Agora estão nas mãos da procuradoria eleitoral os casos dos governadores José de Anchieta (PSDB-RR), Waldez Goes (PDT-AP) e Marcelo Miranda (PMDB-TO). O de Marcelo Déda (PT-SE) já foi liberado.

Um tom acima. Sobre Jackson Lago, o relator no TSE, Eros Grau, afirmou: "Não há como ser contornada a materialidade dos fatos". Já Francisco Xavier considerou ter havido "um despudorado e flagrante abuso e malversação de dinheiro público".

Opção. Oficialmente neutro, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, trabalha para que o próximo líder da bancada na Câmara seja Paulo Teixeira (SP), que disputa a vaga com Cândido Vaccarezza (SP).

Eu vi. A desembargadora Maria Helena Ferreira afirmou anteontem, durante as eleições do Tribunal de Justiça do Pará, que existe um esquema entre advogados e magistrados para direcionamento de processos na Casa.

Eu não. Responsável pela distribuição das ações, o juiz Rômulo Nunes, que acabou vencendo Ferreira na disputa pela presidência, negou a acusação. Disse que existe um laudo da PF atestando a lisura do mecanismo.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Antes de criar esta crise, os presidentes da Câmara e do Senado poderiam ter conversado. Há telefones nos gabinetes de ambos. E a distância que os separa é de poucos metros."


Da líder do PT no Senado, IDELI SALVATTI (SC), sobre a troca de acusações entre Arlindo Chinaglia e Garibaldi Alves (PMDB-RN) em razão da emenda que aumenta o número de vereadores no país.

Contraponto

Segunda chamada

Cercado de secretários estaduais e municipais e ao lado do prefeito Gilberto Kassab, José Serra comandava, na semana passada, a cerimônia de lançamento das obras de um novo ramal do metrô paulistano, a linha 6-laranja.
Como de praxe no início de discursos, o governador citou, uma a uma, as autoridades presentes. Quando pensou ter concluído a lista, alguém o avisou, ao pé do ouvido, que se esquecera do secretário dos Transportes da prefeitura. Serra deixou a retificação para o final do discurso, levando a platéia ao riso:
-Desculpe, eu esqueci de mencionar o Alexandre de Moraes. Ele não tem lá muita pinta de secretário, mas quero dizer que é um bom secretário...


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