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Petista é único que não veta reajuste de 91%
Chinaglia, Aldo e Fruet, os três candidatos à presidência da Câmara, respondem a dez questões apresentadas pela Folha
Quando o tema é reeleição, apenas o atual presidente da Casa se mostra favorável, e afirma que ela "deve ser observada por mais tempo"
LETÍCIA SANDER
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os três candidatos à presidência da Câmara, Aldo Rebelo
(PC do B-SP), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Gustavo Fruet
(PSDB-PR) se comprometem a
defender temas polêmicos caso
eleitos, mas somente o petista
ainda acena em defesa do aumento dos salários dos parlamentares para R$ 24,5 mil.
O reajuste salarial dos deputados e senadores gerou profundo desgaste no desfecho da
atual legislatura. À época, Aldo
também defendeu um aumento de 91%, mas, após a repercussão negativa, agora diz que a
"razoabilidade se encaminha"
para a correção dos atuais
R$ 12,8 mil pela inflação -na
prática, elevaria para R$ 16,5
mil. Fruet também é favorável
ao reajuste com a inflação.
A Folha submeteu os três
candidatos a um questionário
com dez perguntas, entre elas o
debate sobre os salários dos
congressistas. Aldo e Chinaglia
enviaram as respostas por escrito, e Fruet foi entrevistado.
"Enquanto não se decide pelo critério definitivo, provavelmente, a razoabilidade se encaminhe para a correção do salário pela inflação", disse Aldo.
"É um tema que precisa ser retomado, mas, neste momento,
o melhor é repor pela inflação",
afirmou Fruet.
Chinaglia não se compromete com nenhum valor mas também não veta nenhuma possibilidade. Afirma ser crítico da
disparidade dos vencimentos
entre os Poderes. Um ministro
do STF (Supremo Tribunal Federal) recebe R$ 24,5 mil.
"As distorções entre os subsídios dos representantes dos
Poderes não se coadunam com
o sistema constitucional de
harmonia e equilíbrio entre os
Poderes da República. Nesse
sentido, defendo que o subsídio
dos parlamentares deve refletir, necessariamente, a gravidade das competências constitucionais que acumulam e que
seja o definidor do teto constitucional", disse.
A equiparação do salário dos
parlamentares com o teto da
cúpula do Judiciário é um sonho antigo do chamado "baixo
clero". Em dezembro, pouco
antes de anunciar sua candidatura, Chinaglia contrariou a
posição da bancada do PT e endossou a proposta de elevar os
vencimentos para R$ 24,5 mil.
Na época, Aldo fez o mesmo.
Os três também foram questionados sobre o fim do pagamento da chamada verba indenizatória de R$ 15 mil mensais,
destinada a custear gastos como gasolina e hospedagem.
Fruet foi o único a se colocar
contra a verba nos moldes
atuais -os deputados não pagam imposto sobre o valor. Aldo disse "aceitar discutir o controle" sobre o uso do dinheiro.
Chinaglia disse que é preciso
ter "cautela" neste debate.
Semelhança
As respostas das outras oito
questões feitas pela Folha
mostram que os três deputados
têm opiniões semelhantes sobre quase todos os temas.
Eles defendem o fim do voto
secreto e se dizem favoráveis
ao financiamento público de
campanhas e à fidelidade partidária, dois dos principais pontos da reforma política.
"A fidelidade contribui para
o fortalecimento dos partidos
políticos e, conseqüentemente,
dará melhores condições tanto
de controle quanto de opção de
escolha para o cidadão", disse
Chinaglia. "Defendo o financiamento público das campanhas
eleitorais desde que ingressei
na Casa", afirmou Aldo.
Aldo diverge dos outros dois
candidatos quando o assunto é
reeleição. "Fui contra a emenda que instituiu a reeleição,
mas considero que o Brasil precisa ter normas mais permanentes para que sejam observadas por mais tempo", disse.
Chinaglia e Fruet são contra
a reeleição. Ambos também
afirmam ser favoráveis à manutenção da imunidade parlamentar. Aldo não foi claro nesse tópico, mas se mostrou entusiasta de um projeto do líder
do PTB, José Múcio (PE), que
transfere para o STF o julgamento político de parlamentares. Múcio apóia Chinaglia.
Sobre o que seria prioridade
se vencessem a eleição, Aldo
aderiu à bandeira da reeleição
de Lula, o "crescimento da economia". Chinaglia citou as reformas política e tributária. E
para Fruet, o essencial é "não
começar discutindo lealdade
ao governo e aumento".
Oficialmente, só Fruet divulgou plataforma de campanha.
Os outros prometeram enviar
uma "carta de intenções" aos
parlamentares nesta semana.
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