São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula vai cobrar mais eficiência de ministérios

Na reunião de quarta, presidente dirá a auxiliares que governo pode atenuar impacto da crise nos EUA com gestão melhor

Planalto já trabalha com a hipótese de um crescimento abaixo dos 5%, mas espera que o Banco Central não eleve a taxa básica de juros

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai dizer a seus ministros na reunião ministerial de quarta que o governo pode compensar eventuais impactos no Brasil da crise americana sendo mais eficaz nos gastos.
Lula não quer ouvir reclamações por conta dos cortes no Orçamento, que vão atingir R$ 20 bilhões, e vai cobrar mais agilidade e eficácia de seus auxiliares na execução dos investimentos do governo federal.
Ele acredita que, num ano de crise econômica no mundo, uma melhora no ritmo de investimentos federais pode reduzir o risco de o país crescer menos por conta de uma desaceleração nos EUA. O presidente pedirá atenção especial aos projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que será alvo de um balanço a ser apresentado pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Apesar de considerar ter havido uma melhora na execução do programa, o Planalto ainda não está satisfeito com o volume de gastos efetivos do PAC.
Ou seja, os ministérios aceleraram o empenho das verbas (reserva do dinheiro no Orçamento), mas ainda demoram para concluir os projetos, tanto que ainda é baixo o ritmo de liberação dos pagamentos.
Na reunião, o ministro Guido Mantega (Fazenda) apresentará um diagnóstico da crise no mercado americano e seus possíveis impactos na economia brasileira. Por enquanto, o governo mantém o discurso otimista de que o país sofrerá pouco e tem chances de manter um ritmo de crescimento forte.
Reservadamente, o governo já trabalha com a hipótese de uma taxa de crescimento abaixo dos 5%, atingida em 2007. No Planalto, já há quem concorde com o número de 4,5% previsto pelo Banco Central.
Lula espera que, após a reunião ministerial de quarta, seja informado que o encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), no mesmo dia, decidiu não mexer nas taxas de juros, hoje de 11,25% ao ano.
A avaliação do Palácio do Planalto é que nesse início de ano o Banco Central não tem condições de retomar o processo de queda dos juros, interrompido em setembro do ano passado, mas também não acredita que ele venha a subir as taxas.
Dentro do governo, por sinal, antes do agravamento da crise econômica nos EUA, havia a torcida para que o BC voltasse a reduzir os juros na segunda reunião do ano, em março. Agora, isso é descartado.
Na reunião, Lula também deve endossar as preocupações do ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), que tem se queixado das dificuldades para negociar pedidos de aliados envolvendo nomeações de cargos e liberação de verbas.
José Múcio pediu a interferência de Lula para acabar com disputas entre os partidos da base e facilitar o trabalho de atendimento das reivindicações de políticos governistas. Segundo sua equipe, até agora 50% das pendências foram resolvidas, mas é preciso resolver a outra metade para que o governo não enfrente dificuldades no Congresso Nacional.


Texto Anterior: Ministério diz que programa é de longo prazo
Próximo Texto: Políticos usam "jeitinho" para entrar na agenda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.