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Políticos usam "jeitinho" para entrar na agenda
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na busca para entrar no pequeno círculo dos mais prestigiados, ganhar confiança e obter aval para projetos, ministros, governadores e parlamentares criam estratégias para
driblar a agenda oficial e conseguir "alguns minutinhos" com
o presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva.
Não raras vezes, funcionários
se deparam com o ministro da
Justiça, Tarso Genro, na garagem do Palácio do Planalto. É
para lá que Tarso vai quando
precisa despachar algo urgente,
mas não tem audiência marcada na "agenda oficial" do presidente. Ele fica na garagem esperando o Ômega australiano
de Lula chegar. Geralmente dá
certo e o rápido cumprimento
termina com um convite para o
ministro subir ao gabinete.
Outro adepto dos despachos
subterrâneos é o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general
Jorge Armando Félix. Quase
diariamente ele aguarda o presidente na garagem para dar
uma "palavrinha" antes de o expediente começar.
O ministro Marcio Fortes,
por sua vez, está entre os adeptos do e-mail. Ele com freqüência troca mensagens via internet com o presidente Lula.
Geralmente, tem vantagem
no acesso a Lula os ministros
com gabinete no Planalto, não
só pela proximidade física, mas
pelos assuntos sob a responsabilidade deles. De todos, Dilma
Rousseff (Casa Civil) é que a
mantém o canal mais direto
com Lula. Ela é chamada em
média três vezes por dia ao gabinete presidencial e acompanha boa parte das audiências.
Situações inusitadas
A disposição para se aproximar do presidente às vezes provoca situações inusitadas. No
dia 6 de dezembro, por exemplo, Wellington Dias (PT) integrou a comitiva presidencial
que viajou para o município de
Breves (PA). Detalhe: ele é governador do Piauí.
O deboche pela situação veio
do próprio presidente: "Quero
agradecer a presença do nosso
governador do Estado do Piauí,
que veio aqui tirar uma lasquinha nas conquistas da Ana Júlia [governadora do Pará]. Este
bicho é esperto", disse Lula, no
discurso. Dias tem um apelido
no Planalto: "pidão", tal é o número de vezes que vem a Brasília com uma demanda à mão.
Nas viagens presidenciais, a
briga é para ver quem é chamado para o espaço reservado do
Aerolula, que tem oito lugares.
Governadores e ministros têm
a preferência.
Sobre tanta artimanha, explica-se: ter a atenção do presidente e oportunidade de dialogar com ele é quase sinônimo
de prestígio político.
Embora parte considerável
dos compromissos do presidente não figure na agenda que
é divulgada a cada dia, uma pesquisa nestes "dados oficiais" dá
o termômetro do prestígio (ou
da falta de) dos subordinados
do presidente. O secretário da
Pesca, Altemir Gregolin, aparece uma única vez na agenda em
2007: dia 28 de agosto. Dilma
Rousseff, 54 vezes.
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