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Em ato de desagravo, d. Luiz diz que "Lula cospe no prato em que comeu'
Bispo de Barra afirma que presidente virou as costas para os movimentos sociais
Alex Almeida/Folha Imagem
| Dom Luiz Cappio celebra missa na igreja São Judas Tadeu |
DA REPORTAGEM LOCAL
Em São Paulo para articulação da campanha contra a
transposição do rio São Francisco, o bispo de Barra (BA),
dom Luiz Flávio Cappio, acusou ontem Lula de virar as costas para os movimentos sociais
e governar para as elites. Líder
do movimento contra o projeto
- a ponto de ter feito duas greves de fome em protesto- dom
Luiz diz que Lula "cospe no
prato em que comeu".
"Na hora em que os movimentos sociais conseguiram
colocá-lo lá onde ele está, na
hora que ele alcança o poder,
ele dá as costas aos movimentos sociais, esquece os movimentos sociais. Eu diria que ele
cospe no prato em que comeu",
disse dom Luiz, para quem
"uma vez lá, Lula governa o
Brasil para as elites".
Antes da entrevista, dom
Luiz aproveitou ontem a celebração da 18ª Missa do Irmão
Baiano -tradicionalmente dedicada aos migrantes- para
mais uma manifestação contra
a transposição.
Na homilia, foi aplaudido
após lembrar os 24 dias de jejum, afirmando que chegara
perto de São Pedro. A missa foi
marcada pela leitura de um relatório da greve de fome, encerrada com um desmaio.
Nele, o governo é descrito como "frio e antidemocrático". A
obra, "faraônica". Citado em
terceira pessoa, dom Luiz é
apontado como um homem
que recomendava que cada
pessoa fosse tratada como uma
flor e decidiu "arriscar sua vida" contra o projeto.
Candidato ao governo de São
Paulo pelo PSOL, Plinio de Arruda Sampaio, também foi convidado a subir ao altar da igreja
São Judas Tadeu, com capacidade para três mil pessoas.
O protesto contra a transposição consumiu aproximadamente 40 minutos das cerca de
duas horas de missa.
Já na entrevista, dom Luiz
defendeu atos como esse, desde
que sejam "política com P
maiúsculo". O bispo voltou a
afirmar que "chama atenção total insensibilidade do governo
pelo clamor do povo".
Dom Luiz criticou o Bolsa
Família -"sem dúvida" um instrumento para compra de votos- e afirmou que governo
"não opta pela vida dos pobres". Mas por um projeto de
morte para os pobres". Ao se silenciar, diz, age como "Pôncio
Pilatos".
Questionado sobre o que diria ao Lula como um conselheiro espiritual, respondeu que
pediria para voltar a ser nordestino, povo. Antes da missa,
dom Luiz se reuniu com representantes do PSOL, PSTU e
movimentos sociais para organização da campanha contra a
transposição. Presente à reunião, o advogado Fábio Konder
Comparato assumirá a elaboração de ações contra o projeto.
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