São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2004

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Defesa de ex-assessor acusará Dilli

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ANÁPOLIS

A defesa de Waldomiro Diniz alegará que o pedido de propina feito ao empresário do jogo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, registrado em uma fita de vídeo em 2002, tinha como destinatário Armando Dilli.
Dilli, que assessorou Waldomiro quando ele presidia a Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro) e depois passou a trabalhar para Cachoeira, morreu em 21 de dezembro de 2002. Segundo Cachoeira informou ao Ministério Público Federal, sem no entanto consignar formalmente no depoimento, Dilli recebia R$ 15 mil mensais como pagamento, mas na verdade continuava a trabalhar para Waldomiro.
No depoimento, Cachoeira disse que gravou a conversa, que registra o pedido de propina e de contribuições para campanhas eleitorais, para se defender, pois estaria sendo vítima de constantes achaques praticados pelo ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República.
Cachoeira disse que encaminhou a fita de vídeo ao senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) por acreditar que a Polícia Federal não investigaria o caso. "Waldomiro é um homem muito poderoso", comentou o empresário com os procuradores que colhiam seu depoimento.
As razões que Cachoeira apresentou para gravar a fita estão sendo minuciosamente estudadas pela defesa de Waldomiro. Se conseguir comprovar sua intenção, pode usar a gravação em sua defesa. Mas, no pacote entregue ao senador tucano, além da conversa, há o registro de imagens do ex-assessor palaciano no aeroporto de Brasília, com uma sacola na mão. Esse elemento coloca uma nova suspeita contra o empresário: poderia estar também por trás dessa gravação, em procedimento ilícito, pois as imagens foram produzidas pelas câmaras do sistema de segurança do aeroporto, que pertencem à estatal Infraero (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária).

Cachoeira
"Eu não quero falar sobre isso", disse ontem Carlinhos Cachoeira após ler pela internet a notícia de que Waldomiro Diniz afirma ter se encontrado com ele em janeiro do ano passado. Cachoeira, porém, não negou o encontro.
Cachoeira afirma ter dito na madrugada de anteontem ao Ministério Público Federal que gravou a fita na qual aparece conversando com Waldomiro e a entregou ao senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT). Ele disse que foi extorquido por Waldomiro.
Em Goiás, Cachoeira é dono da empresa Gerplan, que opera, com autorização do governo estadual, 11.400 máquinas de caça-níqueis.
À tarde, o empresário afirmou que ainda não sabia da decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, determinando o fechamento dos bingos e máquinas caça-níqueis em todos o país. Informado sobre a medida, ele não quis dar entrevista. "Não quero comentar esse caso", afirmou.
Desde domingo, a reportagem mantém contato com o empresário. Foram pelo menos dez telefonemas e três encontros: um na casa dele e dois na empresa Vitapan Indústria Farmacêutica em Anápolis (GO). Em todas as ocasiões, ele não quis falar sobre a gravação da fita e a sua relação com Diniz.
Cachoeira disse também que não estava gravando a conversa com a reportagem. "Agora ninguém vai querer conversar comigo", diz sobre a suspeita de que ele costuma filmar seus encontros. (ANDRÉA MICHAEL e HUDSON CORRÊA)


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