São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Via alternativa

Aposta de José Gomes Temporão, a transformação de hospitais em fundações estatais empacou no Congresso, em grande parte por oposição do PT.
Para fazer o projeto andar, o ministro da Saúde busca exemplos regionais adotados por administrações petistas, mais pragmáticas que a bancada do partido. Os governos da Bahia e de Sergipe, além da Prefeitura de Nova Iguaçu (RJ), já abraçaram o modelo. "Isso cria um clima favorável na opinião pública, principalmente depois que os primeiros resultados aparecerem", diz Temporão. Entre as mudanças que a nova lei federal traria estão maior agilidade para contratar e demitir e flexibilidade na hora de fazer licitações.

Plano B. Temporão reúne sua equipe hoje num seminário para discutir como salvar ao menos parte do PAC da Saúde, seriamente comprometido pelo fim da CPMF.

Obstáculos. José Antônio Muniz Lopes, candidato de José Sarney (PMDB-AP) para a presidência da Eletronorte, já recebeu um "nada consta" em duas investigações da Abin. Ainda está em curso uma terceira, relativa a multa aplicada a ele pelo TCU.

Cizânia. Nem se sabe se os governistas permitirão ao PSDB presidir a CPI dos Cartões Corporativos, mas os tucanos já lutam entre si pela vaga. Estão no páreo Marisa Serrano (MS), Marconi Perillo (GO) e Cícero Lucena (PB).

Unidos. Com o mapa da votação da medida provisória da TV Brasil na mão, a direção da emissora concluiu que a polêmica em torno de sua criação passou ao largo da base governista: sete partidos aliados votaram 100% a favor. No PMDB, apenas dois de 76 deputados foram contrários.

Dispersos. O combate à criação do canal não foi bandeira capaz de unir a oposição como a CPMF. O PSOL votou todo a favor. PPS e PV deram apenas um voto cada contra. E o DEM, que fez o maior carnaval contra a medida, registrou quatro votos a favor.

Não gosto. Deputados dos EUA em visita à Câmara estranharam o grande crucifixo pendurado atrás da Mesa Diretora. Perguntaram a Arlindo Chinaglia (PT-SP) se aquilo não violava o princípio do Estado laico. Com a ajuda de um tradutor, o presidente concordou: "Respeito quem defende, mas sou absolutamente contra. Há muita gente que gosta de transformar Deus em cabo eleitoral".

Blue chip. Caravana que inclui os ministros Márcio Fortes (Cidades) e Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), padrinho do prefeito João Henrique (PMDB), desembarca hoje em Salvador para marcar a entrada do PP na administração local. Entre o carlismo e o petismo, o partido de Fortes ficou com Geddel, hoje o papel que mais se valoriza na política baiana.

O mínimo. Aliados e oposicionistas planejam tirar da frente três MPs que trancam a pauta da Câmara e aprovar projetos nas áreas de saúde e segurança na primeira semana de março. "Os deputados candidatos a prefeito precisam mostrar alguma coisa na eleição", explica um líder.

No peito. Da governadora do Pará, Ana Júlia (PT), no lançamento de programa para proteger espécies amazônicas ameaçadas de extinção: "Vamos continuar a operação contra o desmatamento ilegal, nem que eu tenha de andar de colete à prova de bala".

Uma dúzia. Além da nora, Cláudio Alvarenga tem um genro empregado no TCE paulista, o que eleva para 12 o número de parentes de conselheiros na folha de pagamento do tribunal. Embora o procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, tenha arquivado os inquéritos para apurar nepotismo no órgão, os conselheiros agora prometem afastar os familiares em dois meses.

Tiroteio

"Às vésperas de uma CPI, o presidente usa retórica demagógica para desqualificar o Legislativo. O PT também deveria se preocupar."


Do líder do PSDB na Câmara, JOSÉ ANÍBAL (SP), sobre Lula, segundo quem o papel do Congresso Nacional é legislar e investigar, enquanto o governo "existe para trabalhar".

Contraponto

Sem resposta

Os vereadores de Carapicuíba, município da Grande São Paulo, discutiam no final do ano passado o Orçamento da cidade para 2008 quando o petista Isaac Reis, do bloco de oposição ao prefeito, pediu a palavra:
-Eu quero fazer um apelo ao plenário para que todos nós votemos contra esse projeto!
O governista Wilson Marcelino (PV) desafiou:
-Eu voto contra, desde que o senhor diga agora o nome de cada um dos 37 ministros do governo Lula!
Reis rebateu com outra provocação:
-Eu digo, vereador, desde que o senhor me responda por que os kamikaze usavam capacete!


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