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Professores da UnB votam pela permanência do reitor
Estudantes reclamam o afastamento à Procuradoria
Lula Marques/Folha Imagem
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Professores da UnB votam em assembléia; ao fundo, faixa do DCE "exige' que reitor deixe o cargo |
JOHANNA NUBLAT
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por 157 votos a 24, professores da UnB (Universidade de
Brasília) reunidos em assembléia rejeitaram ontem a proposta de pedido de afastamento
do reitor, Timothy Mulholland.
Cerca de 200 dos 1.442 professores da UnB participaram da
assembléia, feita em período de
recesso da universidade.
Embora não tenham condenado o reitor, os professores
afirmaram que o resultado não
significava que estavam convencidos da inocência dele.
Eles decidiram que será feita
uma discussão nos departamentos da UnB e uma posterior convocação de reunião do
conselho da universidade para
avaliar propostas. Para o professor de física Álvaro Ferraz, a
assembléia não poderia pedir a
saída do reitor sem uma apuração prévia: "Esse é um processo
de linchamento público, sem
investigação adequada. Não se
decide uma coisa tão séria assim, há instâncias próprias para se fazer a investigação".
Após o resultado da votação
dos professores, todos ficaram
de pé e gritaram "UnB! UnB!".
Muitos dos que se manifestaram disseram que a universidade estava sendo atacada pelo
"sensacionalismo" da mídia.
Denúncia feita pelo Ministério Público do Distrito Federal
diz que o apartamento funcional do reitor foi mobiliado com
R$ 470 mil da Finatec (fundação ligada à UnB) e que ele foi
agraciado com um carro de cerca de R$ 72 mil. O dinheiro, segundo a denúncia, deveria ter
sido empregado em pesquisa.
A universidade diz que a reforma custou R$ 350 mil e que
não houve irregularidade no
uso do dinheiro, que foi utilizado sob a rubrica "desenvolvimento institucional". Apesar
de dizer que a situação é regular, Mulholland deixou o apartamento na semana passada,
para "preservar a instituição".
Manifestação de estudantes,
no mesmo horário da reunião
dos professores, reuniu cerca
de 15 pessoas (dos 23,5 mil alunos da graduação). Eles decidiram pedir o afastamento temporário do reitor. O DCE (Diretório Central dos Estudantes)
encaminhou uma representação ao Ministério Público Federal pedindo o afastamento de
Mulholland, sob a acusação de
improbidade administrativa.
Reitor da UnB de 1985 a 1989,
o senador Cristovam Buarque
(PDT) disse que a comunidade
acadêmica se omitiu ao não fiscalizar a utilização do dinheiro
da Finatec destinado à UnB.
Na segunda, ele afirmou que
"não houve ato ilegal", mas "um
grande equívoco nas prioridades" ao alocar no apartamento
verba destinada à UnB. Ontem,
disse que, mesmo assim, considera um "absurdo" o investimento -"assim como acho um
absurdo o luxo do prédio do órgão [Ministério Público] que
está investigando a lixeira".
Alguns professores e o DCE
acusaram a reitoria de enviar
professores ligados a Mulholland à reunião para apoiar propostas favoráveis a ele. A assessoria da UnB disse que a participação na assembléia é livre.
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