São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Professores da UnB votam pela permanência do reitor

Estudantes reclamam o afastamento à Procuradoria

Lula Marques/Folha Imagem
Professores da UnB votam em assembléia; ao fundo, faixa do DCE "exige' que reitor deixe o cargo


JOHANNA NUBLAT
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por 157 votos a 24, professores da UnB (Universidade de Brasília) reunidos em assembléia rejeitaram ontem a proposta de pedido de afastamento do reitor, Timothy Mulholland. Cerca de 200 dos 1.442 professores da UnB participaram da assembléia, feita em período de recesso da universidade.
Embora não tenham condenado o reitor, os professores afirmaram que o resultado não significava que estavam convencidos da inocência dele.
Eles decidiram que será feita uma discussão nos departamentos da UnB e uma posterior convocação de reunião do conselho da universidade para avaliar propostas. Para o professor de física Álvaro Ferraz, a assembléia não poderia pedir a saída do reitor sem uma apuração prévia: "Esse é um processo de linchamento público, sem investigação adequada. Não se decide uma coisa tão séria assim, há instâncias próprias para se fazer a investigação".
Após o resultado da votação dos professores, todos ficaram de pé e gritaram "UnB! UnB!". Muitos dos que se manifestaram disseram que a universidade estava sendo atacada pelo "sensacionalismo" da mídia.
Denúncia feita pelo Ministério Público do Distrito Federal diz que o apartamento funcional do reitor foi mobiliado com R$ 470 mil da Finatec (fundação ligada à UnB) e que ele foi agraciado com um carro de cerca de R$ 72 mil. O dinheiro, segundo a denúncia, deveria ter sido empregado em pesquisa.
A universidade diz que a reforma custou R$ 350 mil e que não houve irregularidade no uso do dinheiro, que foi utilizado sob a rubrica "desenvolvimento institucional". Apesar de dizer que a situação é regular, Mulholland deixou o apartamento na semana passada, para "preservar a instituição".
Manifestação de estudantes, no mesmo horário da reunião dos professores, reuniu cerca de 15 pessoas (dos 23,5 mil alunos da graduação). Eles decidiram pedir o afastamento temporário do reitor. O DCE (Diretório Central dos Estudantes) encaminhou uma representação ao Ministério Público Federal pedindo o afastamento de Mulholland, sob a acusação de improbidade administrativa.
Reitor da UnB de 1985 a 1989, o senador Cristovam Buarque (PDT) disse que a comunidade acadêmica se omitiu ao não fiscalizar a utilização do dinheiro da Finatec destinado à UnB.
Na segunda, ele afirmou que "não houve ato ilegal", mas "um grande equívoco nas prioridades" ao alocar no apartamento verba destinada à UnB. Ontem, disse que, mesmo assim, considera um "absurdo" o investimento -"assim como acho um absurdo o luxo do prédio do órgão [Ministério Público] que está investigando a lixeira".
Alguns professores e o DCE acusaram a reitoria de enviar professores ligados a Mulholland à reunião para apoiar propostas favoráveis a ele. A assessoria da UnB disse que a participação na assembléia é livre.


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