São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Comissão vai analisar suspeitas contra Lupi

Ao menos três casos envolvendo suposto favorecimento a políticos do PDT pelo Ministério do Trabalho serão avaliados

Comissão de Ética Pública se reúne na próxima segunda; o Planalto não considera, por ora, a possibilidade de saída de Lupi do governo

DA REPORTAGEM LOCAL

A Comissão de Ética Pública do governo federal analisará na próxima segunda-feira as suspeitas de favorecimento a políticos do PDT pelo Ministério do Trabalho. A pasta é comandada por Carlos Lupi, que também é presidente do partido.
Ao menos três casos envolvendo suspeitas de favorecimento da pasta a pessoas e entidades ligadas ao PDT serão analisados. Dois são baseados em reportagens da Folha e um terceiro relativo a assunto levantado pelo jornal "O Globo".
A Folha de ontem noticiou que pelo menos 12 convênios assinados pelo Ministério do Trabalho autorizaram a destinação de R$ 50 milhões a entidades e pessoas ligadas a políticos do PDT. O valor representa quase a metade da verba disponibilizada para treinamento de mão-de-obra em 30 convênios.
Em alguns casos, os representantes das entidades são parentes, amigos ou doadores de campanha de políticos do PDT.
Há também verba de R$ 14,7 milhões a duas entidades (DataBrasil e Inesp) parceiras da Força Sindical, presidida por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, filiado ao PDT.
O ministério e as entidades beneficiadas negam qualquer favorecimento aos citados.
Há dez dias, a Folha também noticiou que outra entidade ligada à Força Sindical, a CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) pleiteava convênio no ministério para recolocar mão-de-obra em São Paulo a um custo quase 100% maior do que o gasto pelo governo paulista para a realização do mesmo trabalho.
O ministério apoiava o convênio, o que gerou reações do governo do Estado e da prefeitura paulistana, que também recoloca mão-de-obra na capital. A proposta da CNTM prevê retirar da prefeitura dois dos seis postos de recolocação de trabalhadores em São Paulo.
Na terça, uma semana após a publicação da reportagem, o projeto da CNTM foi alterado, e o custo, reduzido em 31%.
Já a reportagem do "Globo", publicada no sábado, levantou suspeitas da validade de convênio de R$ 10,7 milhões entre o Trabalho e a DataBrasil.
Segundo o presidente da Comissão de Ética, Marcílio Marques Moreira, na segunda será decidida a "admissibilidade" de os três casos serem objeto de ação aprofundada do órgão.
Em 23 de dezembro de 2007, a comissão recomendou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a remoção de Lupi do ministério ou sua saída da presidência do PDT, pois entende haver conflito de interesses.
Por ora, o Planalto não considera a possibilidade de saída de Lupi do governo. Avaliou como insuficiente para miná-lo a revelação da Folha de que sob sua gestão foram beneficiadas com convênios entidades vinculadas ao seu partido.
Na avaliação da cúpula do governo, esse caso deve, por enquanto, ficar na alçada da Comissão de Ética Pública.
A assessoria do ministro informou ontem que ele não iria se pronunciar sobre o assunto.
A comissão existe desde 2000. Marcílio assumiu em 2002, na gestão FHC, e foi reconduzido ao cargo por Lula, em 2005, para mais três anos.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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