São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Fazer o quê?

A despeito dos relatos sobre a contrariedade de Lula com as 4.200 demissões na Embraer, o presidente rejeitou ontem, em reunião com os ministros da área social, a proposta da CUT de suspender os financiamentos do BNDES à empresa. Lula disse que terá uma conversa com o presidente da Embraer, Frederico Curado, logo depois do Carnaval, mas descartou medidas drásticas como a sugerida pela central sindical, sob o argumento de que tal reação criaria um ambiente propício a novos cortes de vagas.
No ano passado, quando a Vale anunciou demissões, Lula manifestou descontentamento, mas isso não resultou em nenhum tipo de recuo da empresa, que registrou o maior lucro de sua história.




A jato. Turbinada por compras da Aeronáutica, a Embraer foi a terceira empresa que mais recebeu recursos do governo federal no ano passado, com R$ 318 milhões repassados pela União. Ficou atrás de duas empreiteiras e à frente da Petrobras. Em 2007, a fabricante de aviões ocupava a sétima posição no ranking.

Olha eu aqui. Nascida de uma insatisfação dos ministros da área social com a centralidade do PAC na agenda de Lula, a reunião de ontem acabou servindo, na avaliação de um participante, para "organizar o discurso do governo sobre os programas sociais para a campanha de 2010".

Ouvinte. João Santana, marqueteiro da reeleição de Lula, acompanhou em silêncio -e fazendo anotações- a reunião do presidente com os ministros da área social.

Custeio. Os ministros saíram da reunião reclamando. Em cinco horas, receberam apenas um sanduíche de pão de forma, queijo e mortadela para matar a fome. E alguns ainda perderam seus voos em plena véspera de Carnaval.

Privado. O Carnaval de Recife, prestigiado pela ministra e pré-candidata Dilma Rousseff, tem entre seus patrocinadores neste ano duas empresas privadas (Skol e LG). Três estatais (Chesf, Caixa e Eletrobras) também bancam o evento. A prefeitura da capital pernambucana não informa o valor das cotas.

Público. A Comissão de Ética Pública da Presidência proíbe ministros de irem a eventos carnavalescos bancados por empresas privadas. A Casa Civil considera que neste caso o código não se aplica, já que Dilma foi convidada pelo governo de Pernambuco e pela prefeitura de Recife.


Carreira 1. Diretora da Dialog Comunicação, que levou mais de R$ 33 milhões em contratos com o governo Lula e organizou o encontro de prefeitos em Brasília, Gabrielle Calado Bennet era funcionária da Funasa quando a empresa de eventos já existia.

Carreira 2. Uma portaria de 13 de agosto de 2004, assinada pela secretaria-executiva do Ministério da Saúde, nomeou Gabrielle Bennet como membro titular do Comitê Editorial, responsável pelas publicações do setor.

Caixa. A construtora gaúcha Magna, que de acordo com novas denúncias do PSOL teria sido flagrada num vídeo em tratativas com o lobista Lair Frest para reformar a casa da governadora Yeda Crusius (PSDB-RS), declarou ter doado R$ 43 mil à campanha da tucana em 2006.

Doril. Petistas que se animam diante da nova escalada de denúncias contra Yeda notaram o silêncio do vice-governador, Paulo Feijó (DEM), autor das denúncias que desencadearam a crise do Detran gaúcho em 2008.

Horóscopo. Líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO) viajou para o feriado, mas antes pregou um recado para os assessores no gabinete: "Aproveitem bem o Carnaval e descansem, porque depois a coisa vai ficar feia".

Tiroteio

"Lula age, mais uma vez, como se fosse o último a saber. No caso das demissões na Embraer, mostra indignação e anuncia providências só para depois do Carnaval. "

Do tucano GERALDO ALCKMIN (PSDB), secretário do Desenvolvimento de SP, lembrando que, além da participação de fundos na empresa, há um representante do governo no Conselho de Administração.

Contraponto

Doutrina Aldo

Ao final da votação, na quarta-feira, do projeto de lei que torna obrigatório o "airbag" nos carros novos, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) pediu a palavra para fazer um protesto que fez lembrar o colega Aldo Rebelo (PC do B-SP), incansável adversário dos estrangeirismos:
-Senhor presidente, antes de encerramos, gostaria de saber por que usamos o termo "air bag" quando poderíamos muito bem dizer "bolsa inflável"? Por acaso usamos "safety belt" no lugar de cinto de segurança?
Rindo, Michel Temer (PMDB-SP) assentiu:
-Muito bem, está aprovado o projeto da bolsa inflável!

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO


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