São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2009

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PMDB orienta Furnas a trocar comando de fundo de pensão

É a 3ª vez que partido tenta intervir no Real Grandeza; conselho vota proposta na quinta

Associados são contrários à mudança; Victor Albano, do conselho deliberativo, diz que a qualquer momento direção pode ser substituída

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Pela terceira vez em menos de dois anos, o PMDB tenta destituir o presidente e o diretor financeiro do Real Grandeza, fundo de pensão dos empregados da estatal Furnas Centrais Elétricas e de parte dos funcionários da também estatal Eletronuclear. Os dois têm mandato até outubro.
A proposta de substituição será votada em reunião extraordinária do conselho deliberativo do fundo de pensão, convocada para a próxima quinta, depois do Carnaval.
Furnas é a maior geradora estatal de energia elétrica do país. Com carteira de investimentos de R$ 6,5 bilhões, e 12,5 mil associados, o Real Grandeza é o 11º maior fundo de previdência privada fechada do país.
A movimentação para a troca do presidente da fundação, Sérgio Wilson Ferraz Fontes, e do diretor de investimentos, Ricardo Gurgel Nogueira, desencadeou mais uma crise interna na empresa, com protestos diários de aposentados e de ameaças de greve por sindicatos dos eletricitários de vários Estados.
Em mensagem, ontem, aos empregados, o presidente de Furnas, Carlos Nadalutti Filho, alegou que a empresa não tem sido tratada com o merecido respeito pela administração do fundo de pensão, e que, neste cenário, o ministro Edison Lobão (PMDB-MA) orientou a troca da diretoria executiva.
Anteontem, o presidente do conselho deliberativo do fundo de pensão, Victor Albano Esteves, nomeado por Furnas, formalizou a proposta de substituição do presidente Sérgio Wilson Fontes por Eduardo Henrique Garcia, gerente da área financeira de Furnas, que acumularia, interinamente, a diretoria de investimentos.
Dois conselheiros, nomeados por Furnas, Ronaldo Neder (titular) e Marcos Vinicius Vaz (suplente) renunciaram aos cargos anteontem. Para o lugar de Neder, a empresa indicou Luiz Roberto Bezerra, chefe-de-gabinete de Nadalutti Filho.
Em mensagem aos funcionários, Nadalutti acusou as entidades representantes dos empregados e aposentados, que se opõem à mudança, de desrespeitar o processo "democrático" previsto no estatuto do fundo, que permite aos conselheiros substituir a diretoria executiva no meio do mandato.

Tentativas
As duas tentativas anteriores de substituição aconteceram em novembro de 2007 e em setembro de 2008, na gestão do ex-prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde (PMDB-RJ), como presidente de Furnas. Conde ocupou o cargo por indicação do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e foi substituído por Nadalutti Filho, funcionário de carreira de Furnas, também indicado pelo partido.
Na primeira tentativa de Conde, a troca foi rejeitada pelos seis membros do conselho deliberativo do fundo. Após a votação, os dois conselheiros nomeados por Furnas renunciaram, e foram substituídos.
Em setembro de 2008, Conde tentou requisitar a volta dos dois diretores-executivos do fundo de pensão para Furnas, mas a ideia também foi recusada pela diretoria da estatal.
Segundo o conselheiro Horácio Oliveira, representante dos aposentados, o Real Grandeza teve rentabilidade de 2,4% no ano passado, apesar da crise, e de 80% no acumulado dos últimos três anos. De acordo com a Abrapp -entidade dos fundos de pensão- a média do setor teve rentabilidade negativa de 0,7% no ano passado.
Em entrevista à Folha, o presidente do conselho deliberativo do Real Grandeza, Victor Albano, disse que a substituição não tem relação com o desempenho financeiro. "É claro que a direção atual fez boa administração, principalmente diante da anterior, que deixou prejuízo de R$ 150 milhões com investimentos no Banco Santos." Segundo ele, o conselho tem prerrogativa de substituir diretores a qualquer momento.


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