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Palocci não foi investigado no caso de 94
DO ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO
Citado numa conversa gravada
em 1994 por Rogério Tadeu Buratti, seu secretário de Governo na
época, o atual ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) nunca foi
investigado ou prestou depoimento na investigação aberta pelo
Ministério Público para apurar o
caso. O procedimento foi arquivado em 1995 - e Buratti também não sofreu acusação. No pedido de arquivamento, o promotor responsável pelo caso, José
Antonio Vianna Cione, escreveu:
"Não pode a conduta suspeita de
um agente público, todavia, alcançar as pessoas dos demais administradores públicos municipais (...). O prefeito municipal, filho de saudoso artista plástico
desta urbe, ex-vereador, ex-deputado estadual, não teve seu nome
maculado em nenhum passo desta investigação". Buratti, na época
homem forte do então prefeito
Palocci Filho, na gestão 1993-1996, gravou uma conversa que
manteve em seu gabinete, em 11
de agosto de 1994, com o empreiteiro de Volta Redonda (RJ) Antonio de Almeida Neto, da empreiteira Almeida & Filho.
A fita depois foi retirada do gabinete de Buratti (que alegou ter
ocorrido um furto) e chegou à Folha, que publicou trechos da conversa em outubro do mesmo ano.
Buratti deixou o cargo dias depois
da divulgação, "a pedido".
A transcrição oficial do diálogo,
feita pelo Instituto de Criminalística de São Paulo, cita o nome de
Palocci quatro vezes. Buratti aparece explicando ao empreiteiro
que o prefeito estaria "autorizando" ou "liberando" determinados
editais para obras públicas. "O
Palocci falou naquele dia e falou
pra mim que não sabe de queixa,
pra tentar uma adequada, pra dar
uma compensada pra vocês", disse Buratti ao empreiteiro. Buratti
detalha como seria a divisão das
obras entre os diferentes empresários. "O Zara [conjunto habitacional] sai agora (...) o Zara é o
primeiro que sai, o Zara é esse aí, o
Vela (...) que são os que Palocci
autorizou e ele falou que não vai
autorizar mais nada."
Em outra citação ao prefeito,
Buratti usa um termo de difícil
compreensão: "Porque o Palocci
quer, inclusive eu não quis a granel, porque o Palocci acha que vocês são meio "Paquistão". Esse
problema eu não entendo".
A comissão de sindicância, criada por ato de Palocci, considerou
"ilícita" a gravação. E chegou a
criticar Buratti por tê-la feito. "O
procedimento de sua gravação foi
alcançado mediante dissimulação, e violando os princípios da
confiabilidade..." A comissão
analisou os editais das obras e
concluiu que o diálogo "revela total desencontro com as informações colhidas nos processos, sugerindo uma interlocução desprovida de raiz dos fatos". Ouvido, Buratti foi na mesma linha.
(RV)
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