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SOMBRA NO PLANALTO
Campanha tentará mudar imagem de paralisia no governo após caso Waldomiro
"Trabalho sério" será slogan de publicidade para abafar crise
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal lança nesta
semana uma campanha publicitária com o slogan "O trabalho sério já começa a dar resultados". O
objetivo é responder à acusação
de que o caso Waldomiro Diniz
provocou a paralisia administrativa da gestão petista.
A campanha foi idealizada pelo
publicitário Duda Mendonça, o
mesmo que fez a campanha vitoriosa de Lula na eleição de 2002. A
tarefa foi confiada a Duda pelo
ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão Estratégica). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera a campanha vital para tentar reverter a
crise política desencadeada pelo
caso Waldomiro. As peças produzidas por Duda Mendonça vão
vender as "realizações" do primeiro ano da gestão Lula.
Como subproduto, o governo
acredita que o material servirá
também para municiar candidatos petistas e dos partidos aliados
nas eleições municipais de outubro deste ano.
A veiculação das peças publicitárias estava prevista antes do surgimento do Caso Waldomiro.
Mas a crise gerada pelo episódio
influenciou de modo decisivo a
criação da campanha.
Será o primeiro esforço publicitário do governo em 2004. Os dados que se pretende divulgar referem-se ao ano de 2003. Deverá haver também menções a ações
pontuais do governo neste ano.
Ex-homem de confiança do ministro José Dirceu (Casa Civil)
Waldomiro Diniz virou personagem da maior crise dos quase 15
meses de governo Lula ao aparecer em vídeo gravado em 2002 pedindo propina e contribuição de
campanha a um empresário do
ramo de loterias eletrônicas.
Em 2002, Waldomiro presidia a
Loterj (Loteria do Estado do Rio
de Janeiro), no governo Benedita
da Silva. Com a revelação do vídeo pela revista "Época", foi demitido "a pedido" da subchefia de
Assuntos Parlamentares do Palácio do Planalto, posto ao qual chegou por nomeação de Dirceu.
O slogan da campanha, criado
por Duda, busca mostrar resultados administrativos que combatam a imagem de morosidade e
paralisia do governo pós-caso
Waldomiro. E a palavra "sério"
no slogan não é de graça. Procura
sugerir que, apesar do escândalo,
o PT mantém seu perfil ético.
Formato da campanha
A emoção, marca das campanhas de Duda, deverá ter menor
peso nas peças que começam a ser
veiculadas nesta semana. Optou-se por usar apresentadores. Imagina-se que emprestam aos comerciais um ar mais informativo.
O governo deseja ainda realçar
o que considera realizações sociais. Haverá ênfase, por exemplo,
nos "investimentos" feitos em saneamento básico. Uma das peças
de publicidade, recheada com números, dirá que o governo repassou no ano passado a Estados e
municípios cerca de R$ 2 bilhões
para gastos em saneamento.
A campanha deve mencionar
também a decisão de dar continuidade em 2004 a esse tipo de investimento. Dirá que foi feito um
acerto com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para destinar
R$ 2,9 bilhões à área.
Entre os ministérios que merecerão destaque na campanha está
o da Saúde. Um dos programas
que serão mencionados é o "Brasil Sorridente", lançado por Lula
nesta semana em Sobral (CE).
O Bolsa-Família, iniciativa que
fundiu diversos programas sociais no ano passado, será apresentado como uma "evolução" e
um "sucesso" do governo. A campanha dirá que 3,6 milhões de famílias foram atendidas no ano
passado e que Lula deseja terminar 2004 com 5,9 milhões de famílias contempladas.
A campanha será nacional, com
mídia eletrônica (TVs e rádios) e
mídia impressa (jornais e revistas). A chamada mídia regional
também será contemplada. O
custo ainda não está fechado, porque o governo está em processo
de negociação com os veículos de
comunicação.
Simultaneamente à campanha,
Lula pretende empreender um esforço para retomar a normalidade
administrativa do governo. Nesta
semana, reúne-se com Dirceu para tratar de uma "agenda de
emergência" do governo. O presidente quer resolver pendências
dos ministérios que, com a crise,
avolumaram-se na Casa Civil.
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