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Jobim mantém a
liminar que proibiu
fala de caseiro a CPI
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Nelson Jobim, impôs ontem uma nova derrota à CPI dos Bingos e
manteve a liminar do ministro
Cezar Peluso que suspendeu, na
última quinta-feira, o depoimento do caseiro Francenildo dos
Santos Costa à comissão.
Em nome da CPI, o advogado-geral do Senado, Alberto Cascais,
entrou com um pedido de suspensão de segurança na tentativa
de cassar a liminar. Alegou que
havia risco de grave lesão a interesses públicos.
Esse tipo de recurso é apreciado
pelo presidente do STF. Jobim o
rejeitou e ordenou o arquivamento. Ele argumentou uma razão
processual para a sua decisão:
afirmou que o recurso não era
adequado.
Segundo Jobim, a suspensão de
segurança "é medida excepcional" para afastar risco de grave lesão a interesses públicos privilegiados. "Não é o caso dos autos."
A liminar fora pedida pelo PT
em mandado de segurança de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), e foi concedida no momento
em que o caseiro prestava depoimento, na última quinta-feira, interrompendo-o.
Para obtê-la, o senador petista
sustentou que a CPI havia extrapolado o seu poder de investigação, porque fora instalada para
apurar "utilização de casas de bingo para crimes de lavagem ou
ocultação de bens e ligação desses
estabelecimentos com o crime organizado".
No depoimento antes da suspensão, Francenildo confirmou
entrevista na qual dissera que o
ministro Antonio Palocci (Fazenda) e ex-assessores dele na Prefeitura de Ribeirão Preto freqüentavam uma casa no Lago Sul, em
Brasília, utilizada como um local
para reuniões de lobby e festas
com garotas de programa.
Outros pedidos
O pedido de liminar de Tião
Viana era muito mais amplo que a
suspensão do depoimento, mas
ele foi atendido parcialmente por
Peluso. O ministro apenas proibiu a CPI de continuar inquirindo
Francenildo.
O senador petista também queria que o STF impedisse a CPI de
apurar fatos relacionados a sete
temas, como as denúncias de superfaturamento na Prefeitura de
Ribeirão Preto, o assassinato do
prefeito de Santo André Celso Daniel, o empréstimo do PT ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
que Paulo Okamotto teria saldado e a prática de caixa dois.
A abrangência dos trabalhos da
CPI ainda será decidida pelo plenário do STF, quando for julgado
o mérito do mandado de segurança, mas não há data prevista para
o julgamento. Se isso ocorrer, a
CPI ficará esvaziada.
Minutos antes de dar a sua decisão, Jobim disse que não examinaria o pedido de cassação da liminar ontem, porque ainda o
processo ainda não havia chegado
a seu gabinete. A idéia inicial era
apreciá-lo hoje ou amanhã, mas
ele mudou de idéia.
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