São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2006

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Petista pede quebra de sigilo de caseiro

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Bingos marcou para hoje reunião administrativa em que deve apreciar os requerimentos de quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa e de convocação do corretor de imóveis Carlos Magalhães.
Os dois são testemunhas na investigação da CPI que apura o relacionamento do ministro Antonio Palocci (Fazenda) com ex-assessores dele acusados de intermediar negócios entre o governo e empresários de casas de Bingos.
A apresentação do requerimento para quebrar o sigilo do caseiro -que trabalhou na casa alugada em Brasília em que ocorriam festas e reuniões de lobistas- foi anunciada ontem pelo senador Tião Viana (PT-AC).
Ele tomou a decisão depois de a revista "Época" publicar, em sua última edição, a informação de que Francenildo recebeu depósitos de R$ 25 mil em uma conta sua na Caixa Econômica Federal.
Na quinta-feira passada, o caseiro contou à CPI que Palocci freqüentava a casa. Na oportunidade, os governistas sugeriram que Francenildo fora pago para depor contra o ministro. Em sua defesa, o caseiro afirmou que o dinheiro foi depositado pelo empresário Eurípedes Soares da Silva -que seria seu pai biológico- e acusou o governo de acessar irregularmente seus dados bancários.
Ontem, ao justificar o requerimento de quebra de sigilo bancário do caseiro, Viana afirmou que quer "preservar a integridade" de Francenildo. "Quem não deve não teme. Ele diz que não recebeu favorecimento. A quebra de sigilo servirá até para ele preservar sua integridade", disse. Viana, contudo, reconheceu que a divulgação do sigilo bancário do caseiro foi irregular. "A Caixa já mandou investigar o que aconteceu." Porém argumentou que o caso do caseiro é parecido com as divulgações de sigilos do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. "Não se pode ter dois pesos e duas medidas."
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC) sugeriu que a divulgação ao extrato bancário pode ter ocorrido por um descuido do próprio caseiro. "Qualquer pessoa pode esquecer um extrato em algum lugar e alguém ver", disse.
O presidente do PT, Ricardo Berzoini, disse ontem não ser contra a investigação do que disse o caseiro na CPI. "O que não pode ser é investigação na CPI dos Bingos, que não é um órgão legítimo e legal para essa investigação."

Filho de Lula
O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) apresentou requerimento de convocação de Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O tucano quer investigar os negócios de Fábio com a Telemar, que, em 2004, fez um aporte de R$ 5 milhões na empresa Gamecorp, da qual o filho de Lula é sócio.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apresentou ontem o requerimento de convocação do corretor Carlos Magalhães. Em 2003, ele intermediou a locação de uma casa para o grupo hoje conhecido como "república de Ribeirão". Em entrevista à Folha, Magalhães também disse ter visto o ministro junto com o grupo de lobistas.


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