São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2006

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ANÁLISE

Partido festeja seu caos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ontem foi um dia de festa no PMDB. Governistas e oposicionistas festejavam o resultado da consulta (ex-prévias) de domingo. O único grande derrotado foi o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto.
Para os governistas, a alegria se deu pelo fato de a Justiça ter impedido um processo formal de eleições prévias no PMDB. Como só ocorreu uma consulta informal, com quórum baixo, não faz a menor diferença. A tropa palaciana do PMDB, composta por Renan Calheiros, José Sarney, Ney Suassuna e Eunício Oliveira, ficou tranqüila com o resultado. Tanto que desistiu de fazer uma convenção agora, no início de abril.
Na realidade, a possível -porém muito incerta- candidatura a presidente de Anthony Garotinho ajudará a aumentar o poder de fogo dos governistas perante o Palácio do Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de pagar uma fatura alta para conseguir tirar o ex-governador fluminense do páreo em junho. E cobrar faturas de governo é uma especialidade do PMDB.
Do outro lado da cerca, os defensores públicos da candidatura própria também estão numa posição cômoda. Orestes Quércia, Michel Temer, Jarbas Vasconcelos, Roberto Requião e outros nunca declararam fidelidade a Garotinho. Ficarão esperando até junho, quando podem negociar apoios regionais para seus projetos políticos em troca de enterrar o projeto de ter um peemedebista concorrendo ao Planalto.
Garotinho é vencedor porque ganhou a consulta de domingo. Mostrou que não está a passeio no PMDB. Mas ele próprio pode usar sua possível candidatura como fator de negociação mais adiante para facilitar seu projeto local no Rio de Janeiro.
Perdedor, de fato, só Germano Rigotto. Ele deixou escapar para muitos interlocutores que se desencantou com o ofício de governador. Queria ir para o tudo ou nada. Deu nada. Agora, terá de ficar em Porto Alegre comandando o Estado. Se quiser disputar a reeleição, seus adversários vão usar contra ele essa tentativa frustrada de ser presidente da República, ameaçando deixar o Rio Grande do Sul na mão. (FR)


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