São Paulo, terça-feira, 21 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Acordo foi acertado entre governistas e oposicionistas; Rigotto diz que Garotinho é vitorioso na consulta informal e que vai apoiá-lo

PMDB só define se terá candidato em junho

Marcelo Carnaval/Agência O Globo
Anthony Garotinho, que venceu Rigotto em consulta informal


FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os principais líderes do PMDB governista e oposicionista chegaram a um raro momento de consenso ontem e decidiram deixar para realizar a convenção nacional da sigla apenas em junho.
Os aliados ao Palácio do Planalto haviam planejado fazer uma convenção em 8 de abril, para o caso de ser necessário anular o resultado das prévias que seriam realizadas anteontem. Com o processo interditado pela Justiça (foi só uma consulta informal), passou a ser desnecessário realizar rapidamente encontro nacional.
A explicação é do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), um dos principais aliados do Planalto: "Como não houve prévias, a convenção apenas em junho nos dará tempo para aparar as arestas internas no partido". Essa posição foi acertada com outros dois governistas, o líder peemedebista no Senado, Ney Suassuna (PB), e o senador José Sarney (PMDB-AP).
A razão principal para oposicionistas e governistas do PMDB deixarem a convenção para junho é simples: até lá, as duas facções ficarão pairando como uma ameaça sobre o candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, e também sobre o principal nome da oposição, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo as pesquisas de opinião, se o PMDB não tiver candidato próprio a presidente aumentam as chances de o pleito terminar no primeiro turno. Em junho, o cenário estará muito mais claro.
Se for negociar a retirada da candidatura própria, o PMDB poderá exigir vantagens tanto do PT como do PSDB, a depender do partido que liderar as pesquisas. Se Lula continuar favorito nas pesquisas, os governistas do PMDB podem se comprometer a não ter candidato próprio a presidente para facilitar a vitória do petista. Para isso, negociariam uma presença mais forte no futuro governo -hoje, o PMDB têm três ministérios. A mesma estratégia vale para o PSDB, no caso de Alckmin disparar nas pesquisas.
Nos bastidores do PMDB, a grande maioria acredita que o partido vai optar em junho por não ter candidato próprio. Em público, poucos admitem isso -para valorizar a negociação com o governo até o momento da convenção nacional. Os partidos que quiserem ter candidato a presidente precisam realizar convenções entre 10 e 30 de junho.
O vencedor da consulta informal realizada anteontem foi o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, com cerca de 57% dos votos -Germano Rigotto, governador do Rio Grande Sul, ficou com 43%. Até o início da noite ontem o PMDB não havia divulgado os números oficiais. A abstenção chegou a 44%.
Rigotto teve mais votos em números absolutos, mas perdeu em percentual em razão do critério de peso diferenciado de votos definido pelo partido. Partidários do governador questionaram o resultado, mas ontem ele aceitou a derrota. "Eu não viro mesa. Ele é vitorioso e vou apoiá-lo."
Garotinho disse não abrir mão de levar seu nome aos convencionais, mas que não gostaria de atrapalhar os planos dos candidatos nos Estados. "Estou convicto de que o melhor para o partido é ter candidatura própria."

Colaborou SERGIO TORRES, da Sucursal do Rio


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