São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2007

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Alinhado a Roma, d. Odilo Scherer é escolhido arcebispo de São Paulo

Atual secretário-geral da CNBB, bispo é considerado moderado e bom gestor como d. Cláudio Hummes

Capital paulista estava sem arcebispo desde outubro de 2006, quando d. Cláudio foi nomeado "ministro" do papa na Congregação para o Clero


LEANDRO BEGUOCI
RAFAEL CARIELLO

DA REPORTAGEM LOCAL

Dom Odilo Pedro Scherer, 57, atual secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), foi escolhido pelo papa Bento 16 para suceder d. Cláudio Hummes à frente da Arquidiocese de São Paulo, a terceira maior do mundo em número de fiéis.
O anúncio deve ser feito hoje, pelo Vaticano. D. Odilo continua na CNBB pelo menos até a eleição da entidade, em maio.
São Paulo estava sem arcebispo desde o dia 31 de outubro do ano passado, quando d. Cláudio foi nomeado para a Congregação para o Clero, no Vaticano Äuma espécie de "ministério" do papa para assuntos relacionados aos padres de todo o mundo.
Dom Odilo era bispo-auxiliar de d. Cláudio em São Paulo e sempre foi bastante próximo ao cardeal. Ambos têm, sob muitos aspectos, perfis semelhantes. São considerados moderados, além de bons gestores.
Desde a saída de d. Cláudio que o nome de d. Odilo era apontado como um dos mais prováveis para ocupar o posto.
Entre suas tarefas mais imediatas está a de dar continuidade ao trabalho que em boa medida já comandava _o da organização da visita do papa ao Brasil. Bento 16 ficará no país entre os dias 9 e 13 de maio. No período, canonizará o primeiro santo nascido no Brasil, frei Galvão. Em 2005, d. Odilo foi um dos bispos que pediram ao papa a realização da cerimônia de santificação em São Paulo.
O processo que leva à escolha de um arcebispo ou de um bispo é conduzido pelo núncio apostólico (representante do Vaticano em cada país). No caso do Brasil, d. Lorenzo Baldisseri, a quem coube o envio de cartas aos bispos de SP e aos arcebispos e cardeais do Brasil.
Cada carta devia voltar ao núncio com o nomes de três bispos e uma explicação sobre cada um dos indicados. O núncio reduziu a lista a três nomes finais, enviados a uma plenária de cardeais na Congregação para os Bispos, no Vaticano.
Ela escolhe um dos nomes, mas a decisão, em última instância, é do papa.

Conterrâneo de d. Cláudio
Com boa formação acadêmica _fez mestrado e doutorado em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma_, o novo arcebispo é bastante próximo à Cúria Romana. Entre 1994 e 2001 foi oficial da Congregação para os Bispos, órgão responsável por analisar os postulantes à chefia das dioceses. É considerado o bispo brasileiro que mais conhece o episcopado nacional.
A proximidade com a Santa Sé e os esforços em alinhar cada vez mais a CNBB às diretrizes de Roma _os bispos brasileiros já foram considerados por demais "independentes", especialmente entre o final dos anos 70 e ao longo dos 80_ contaram pontos a favor de d. Odilo, afirmam aqueles que apostaram em seu nome para substituir d. Cláudio.
Responsável de modo mais efetivo pela linha política da CNBB nos últimos anos, ele é visto como um bispo disciplinado e rigoroso, que preza pela eficiência, algo tido como essencial para uma arquidiocese que convive com praticamente todas as tendências do catolicismo e precisa conferir alguma organicidade ao conjunto.
Gaúcho como d. Cláudio _é natural de Cerro Lago_, d. Odilo foi ordenado padre em 7 de dezembro de 1976 e sagrado bispo, pelo próprio d. Cláudio, em 2 de fevereiro de 2002.
Ele é parente distante de d. Vicente Scherer, cardeal brasileiro que chefiou a Arquidiocese de Porto Alegre entre 1946 e 1981. Seu lema é: "Fazei isso em memória de mim", em referência a Cristo na Santa Ceia.


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