São Paulo, Domingo, 21 de Março de 1999
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PAINEL

Guarda-chuva

Com ou sem a fusão PPB-PFL, Maluf costura com ACM uma espécie de ""taxa de proteção" para tentar sobreviver ao escândalo da máfia da propina. Abriria caminho para o pefelismo disputar a Prefeitura de SP em 2000, reforçaria eventual projeto nacional de ACM em 2002 e disputaria o governo paulista. E ainda jogaria pelo impeachment de Pitta.

Boca no trombone...

O desgaste do prefeito Pitta tem puxado Maluf tão pra baixo, segundo pesquisa que chegou aos caciques do PPB, que o criador estuda um rompimento público com a criatura. Nos bastidor, o rompimento já ocorreu.

...enquanto sonha que...

Maluf disse à cúpula nacional do PFL que gostaria de reeditar em 2000 a aliança feita com o seu PPB em 96 e 98. Afirmou que não importava de qual partido seria o cabeça de chapa. Deixou claro que acha difícil ter condição de disputar a prefeitura, que não vai apoiar Pitta e que pode abriro caminho para um pefelista.

...dá pra sobreviver

Surpreso com a afirmação de Maluf, um cardeal pefelista perguntou: ""Você acha que ele (Pitta) te traiu?". Resposta: ""Traiu".

Passando a culpa adiante

Aos caciques do PFL, Maluf transmitiu que loteou as Administrações Regionais de SP entre os vereadores para pagar um pedágio: não se incomodar com a maioria na Câmara Municipal quando prefeito. Se houve roubalheira, jurou, não foi ele.

Dança das cadeiras

Walter Feldman (PSDB), que queria ser secretário, foi convidado por Mário Covas para ser o líder do governo paulista na Assembléia e deve aceitar. Os dois se reúnem nos próximos dias para bater o martelo. Roberto Engler será o líder tucano na Casa.

Guerra parlamentar

Osvaldo Biolchi (RS) pediu à Corregedoria Geral da Câmara "providências punitivas" contra Roberto Jefferson (RJ), que acusou o gaúcho e outros cinco deputados de trocar o PTB pelo PMDB em troca de "150 mil argumentos reais" do ministro Eliseu Padilha (Transportes).

Realmente virtual

Pérola sobre a economia brasileira do megasite do Itamaraty, recém-inaugurado com estardalhaço: ""A estabilidade do país e a baixa taxa de inflação dependem da rigidez da taxa de câmbio nominal, que é de aproximadamente R$ 1,00 por dólar". Endereço: www.mre.gov.br/cdbrasil.

Grampo no BNDES

A Procuradoria federal deverá propor nesta semana ação civil pública contra Mendonção, Lara Resende, Pérsio Árida, Daniel Dantas e Jair Bilachi. Viu irregularidade na privatização das teles e julgou procedente requerimento de investigação dos petistas Mercadante e Berzoini.


Sem-TV

O sonho de Marta Suplicy de voltar para a TV está naufragando. Depois de a Globo e o SBT terem desistido da idéia, a Record também está caindo fora. Ninguém quer pôr azeitona na empada da candidatura petista à prefeitura paulistana em 2000.

Mamata elétrica

Stefan Salej (Fiemg), desafeto de Itamar, acha que o governador mineiro certo ao ser contrário à transferência de ativos da Cemig a empresa com sócios privados. ""Pode ocorrer em Minas um nova caso Lightpar."

Duelo no Congresso
Não é por acaso que Temer instala uma comissão na Câmara nesta semana para tratar da reforma do Judiciário. A OAB e juízes querem fazer da iniciativa contraponto à CPI que ACM deve criar para investigar a Justiça.

Que saudade!

FHC está louco para ter Eduardo Jorge de volta ao governo. O ex-secretário-geral do Planalto é cobra em missões especiais.

Hummm...

Piada que circula entre os tucanos de Goiás sobre as acusações de desvio da Caixego para a campanha do PMDB no ano passado: ""Agora dá para entender o que o então ministro da Justiça Iris Rezende queria dizer com ""o crime às vezes é inevitável".

TIROTEIO

De ACM (PFL-BA), presidente do Congresso, ironizando o fato de Almir Pazzianotto, ministro do TST com quem teve um bate-boca, ter seis parentes concursados na Justiça do Trabalho:
- A família do ministro tem uma vocação genética para a Justiça trabalhista!

CONTRAPONTO
Gastando o latim
Na última eleição para o governo de Minas, setores do PT defendiam uma aliança com o candidato do PMDB, Itamar Franco, ainda no primeiro turno.
Um dos problemas da manobra era o vice de Itamar, Newton Cardoso, ex-governador e adversário histórico do PT.
O ex-prefeito de Belo Horizonte e candidato do PT ao governo, Patrus Ananias, por exemplo, se opunha. Carola, achava Newtão o diabo.
Sabendo da resistência ao seu nome, Cardoso bolou uma estratégia para tentar reduzi-la.
Descobriu com petistas que Ananias era vaidoso intelectualmente e apreciador do escritor romano Virgílio. Depois, os petistas para um jantar.
Durante o evento, Cardoso deu um show. Citou Shakespeare, Dante e abusou de Virgílio, sempre em latim.
Ananias saiu assombrado:
- Ele não é um bronco!
Mas a aliança, porém, só foi fechada no segundo turno.


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