São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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500 ANOS
Para não ir ao protesto, sem-terra pedem audiência com FHC; presidente ainda não divulgou agenda
Oposição quer reunir 10 mil na Bahia

da Agência Folha em Porto Seguro

A um dia das comemorações oficiais dos 500 anos do Brasil, partidos de oposição, sindicalistas e líderes de movimentos negros, indígenas e sem-terra, esperavam reunir 10 mil pessoas no centro de Porto Seguro (BA) em um protesto contra o governo.
Ontem, no início da noite, já estavam em Porto Seguro 2.000 índios, vindos de uma conferência paralela ao protesto, além de cerca de 300 manifestantes que chegaram de ônibus à cidade.
As articulações para o protesto começaram a ser feitas na semana passada por líderes indígenas e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
"Vamos colocar o povo nas ruas de Porto Seguro para cobrar do presidente mais atenção para os excluídos", disse Walmir Assunção, líder do MST na Bahia.
Ontem à tarde, cerca de 2.000 sem-terra acampados em Eunápolis desde terça decidiram marchar para Porto Seguro (705 km ao sul de Salvador) amanhã.
Para não protestar contra FHC, o MST impôs ontem uma condição. "Nós queremos uma audiência com o presidente Fernando Henrique em Porto Seguro, Brasília ou qualquer outro lugar", disse Lúcia Barbosa, também da direção do MST baiano.
A decisão de manter a exigência de um encontro com o presidente da República foi tomada depois que o ministro Raul Jungmann (Reforma Agrária) não recebeu em audiência dirigentes do MST.
Para receber os sem-terra, o ministro exige a desocupação da sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Salvador (BA).
"Nós temos que aproveitar este momento. Depois de sábado (amanhã), o presidente Fernando Henrique e seus ministros vão esquecer os negros, os sem-terra e os índios", disse Barbosa.
No final da tarde de ontem, os sem-terra demonstraram estar dispostos para o protesto.
Eles interditaram por 20 minutos a BR-367, que faz a ligação entre Eunápolis e Porto Seguro.

Índios

Ontem pela manhã, os índios que estão participando de uma conferência em Santa Cruz Cabrália (a 16 km de Porto Seguro) também decidiram participar do protesto contra FHC.
"Nós vamos às ruas protestar contra este governo que não respeita os direitos dos índios", disse o líder indígena Nailton Pataxó.
Mesmo sem estar presente em Porto Seguro, FHC foi vaiado pelos índios na manhã de ontem.
A vaia aconteceu depois que os organizadores da conferência informaram que os índios vão entregar um documento reivindicativo ao presidente.
Além dos índios e sem-terra, os coordenadores da manifestação também esperam reunir no ato contra FHC outras 6.000 pessoas, entre desempregados, bancários e outros sindicalistas.
De Salvador, partiram ontem para Porto Seguro 50 ônibus, com cerca de 2.000 manifestantes. Mais 60 ônibus, de oito Estados brasileiros, também são esperados amanhã em Porto Seguro.
Até ontem à tarde, o local do protesto contra o governo Fernando Henrique Cardoso ainda não havia sido definido.
"Nós estamos aguardando a divulgação da agenda de FHC em Porto Seguro para definir o local", disse Walmir Assunção. Os organizadores esperam contar ainda no protesto com a participação de moradores de Porto Seguro (cidade com 60 mil habitantes) e dos índios que moram nas imediações (cerca de 1.500).



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