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500 ANOS
Para não ir ao protesto, sem-terra pedem audiência com FHC; presidente ainda não divulgou agenda
Oposição quer reunir 10 mil na Bahia
da Agência Folha em Porto Seguro
A um dia das comemorações oficiais dos 500 anos
do Brasil, partidos
de oposição, sindicalistas e líderes de
movimentos negros, indígenas e
sem-terra, esperavam reunir 10
mil pessoas no centro de Porto
Seguro (BA) em um protesto contra o governo.
Ontem, no início da noite, já estavam em Porto Seguro 2.000 índios, vindos de uma conferência
paralela ao protesto, além de cerca de 300 manifestantes que chegaram de ônibus à cidade.
As articulações para o protesto
começaram a ser feitas na semana
passada por líderes indígenas e do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
"Vamos colocar o povo nas ruas
de Porto Seguro para cobrar do
presidente mais atenção para os
excluídos", disse Walmir Assunção, líder do MST na Bahia.
Ontem à tarde, cerca de 2.000
sem-terra acampados em Eunápolis desde terça decidiram marchar para Porto Seguro (705 km
ao sul de Salvador) amanhã.
Para não protestar contra FHC,
o MST impôs ontem uma condição. "Nós queremos uma audiência com o presidente Fernando
Henrique em Porto Seguro, Brasília ou qualquer outro lugar", disse
Lúcia Barbosa, também da direção do MST baiano.
A decisão de manter a exigência
de um encontro com o presidente
da República foi tomada depois
que o ministro Raul Jungmann
(Reforma Agrária) não recebeu
em audiência dirigentes do MST.
Para receber os sem-terra, o ministro exige a desocupação da sede do Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária),
em Salvador (BA).
"Nós temos que aproveitar este
momento. Depois de sábado
(amanhã), o presidente Fernando
Henrique e seus ministros vão esquecer os negros, os sem-terra e
os índios", disse Barbosa.
No final da tarde de ontem, os
sem-terra demonstraram estar
dispostos para o protesto.
Eles interditaram por 20 minutos a BR-367, que faz a ligação entre Eunápolis e Porto Seguro.
Índios
Ontem pela manhã, os índios
que estão participando de uma
conferência em Santa Cruz Cabrália (a 16 km de Porto Seguro)
também decidiram participar do
protesto contra FHC.
"Nós vamos às ruas protestar
contra este governo que não respeita os direitos dos índios", disse
o líder indígena Nailton Pataxó.
Mesmo sem estar presente em
Porto Seguro, FHC foi vaiado pelos índios na manhã de ontem.
A vaia aconteceu depois que os
organizadores da conferência informaram que os índios vão entregar um documento reivindicativo ao presidente.
Além dos índios e sem-terra, os
coordenadores da manifestação
também esperam reunir no ato
contra FHC outras 6.000 pessoas,
entre desempregados, bancários e
outros sindicalistas.
De Salvador, partiram ontem
para Porto Seguro 50 ônibus, com
cerca de 2.000 manifestantes.
Mais 60 ônibus, de oito Estados
brasileiros, também são esperados amanhã em Porto Seguro.
Até ontem à tarde, o local do
protesto contra o governo Fernando Henrique Cardoso ainda
não havia sido definido.
"Nós estamos aguardando a divulgação da agenda de FHC em
Porto Seguro para definir o local",
disse Walmir Assunção. Os organizadores esperam contar ainda
no protesto com a participação de
moradores de Porto Seguro (cidade com 60 mil habitantes) e dos
índios que moram nas imediações (cerca de 1.500).
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