UOL

São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EM NINHO TUCANO

Depois de críticas, governador espera ser atendido pelo governo

Após atrito, Aécio condecora Lula e aguarda "concessões"

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Depois de criticar duramente o governo federal por conta de uma multa aplicada ao Estado de Minas Gerais e de receber sinais de que seus pleitos financeiros podem ser atendidos pela União, o governador mineiro, Aécio Neves (PSDB), vai condecorar hoje com a Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
A multa de R$ 36 milhões que desencadeou as críticas do tucano mineiro foi aplicada pelo ministério de Palocci. Minas não cumpriu as metas fiscais de 2001.
O governador mineiro também se irritou por causa da medida provisória da estadualização das estradas, pela qual o Estado recebeu crédito de R$ 780 milhões e teria que usar R$ 101 milhões para abater da sua dívida com a União.
Aécio argumentava que o governo estava prejudicando o esforço fiscal que o Estado vem fazendo para eliminar um déficit previsto de R$ 2,4 bilhões.
As críticas e as ações dele no Senado com PSDB, PMDB e PFL, que trancaram a pauta da Casa, levaram a Minas o ministro José Dirceu (Casa Civil) para negociar.
Anteontem, Aécio disse: "A questão da multa já é uma coisa secundária nesse momento. O que foi fundamental para nós foi aquele alerta que demos. Me parece que já está sendo encaminhada a supressão da segunda multa em relação ao exercício de 2002".
"E, mais do que isso, a negociação que nós conduzimos com o governo no Congresso em relação à medida provisória atende aos interesses de Minas", declarou ele, sem esclarecer o resultado final da negociação política, mas afirmando que seu discurso hoje será sobre "unidade".
Aécio, que hoje é um pré-candidato natural no PSDB à sucessão presidencial em 2006 -posto disputado pelo também tucano Geraldo Alckmin (SP)-, sabe que o resultado de quatro anos no governo de Minas irá pesar em seu futuro político. Ao contrário de Alckmin, que herdou um governo com gastos mais contidos, o mineiro recebeu de Itamar Franco dívidas com prazos vencidos.

Protestos
Com o tucano Aécio, a solenidade volta a ter um clima amistoso, após os quatro anos de oposição ácida que o ex-governador Itamar Franco fez ao governo FHC.
Na cerimônia, que celebra os 214 anos da Inconfidência Mineira, Lula será o orador oficial, e pela primeira vez desde a redemocratização do país, os servidores públicos estaduais, que sempre usaram Ouro Preto no 21 de abril como palco para protestos e reivindicações, não estarão lá.
Renato Barros, da Coordenação Sindical dos Servidores Públicos de Minas Gerais, negou que a ausência seja pelo fato de o presidente ser do PT, partido ao qual os líderes das entidades do funcionalismo mineiro sempre foram simpatizantes. Alegou motivos "operacionais e financeiros".
"Estamos envolvidos com outras questões e não tivemos tempo para nos organizar, e também por problemas financeiros."
O único protesto que Lula e Aécio devem assistir é o de alguns moradores. Com panos pretos, eles prometem um protesto silencioso para chamar a atenção para o risco que corre o patrimônio de Ouro Preto, que há uma semana perdeu um casarão do século 18 incendiado na praça Tiradentes.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Presidente vai para Vitória hoje
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.