UOL

São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DIPLOMACIA

Telegrama mostra que Leonel Brizola era acompanhado por ex-cônsul

EUA monitoraram políticos no país

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um ano após o fim do regime militar, o então governador Leonel Brizola (PDT) ainda era monitorado pelo governo dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, revela um documento do Departamento de Estado norte-americano datado de março de 1986.
O papel -que deixou de ser reservado por força do projeto americano de acesso à informação, o FOIA (do inglês "Freedom Of Information Act")- trata de uma viagem que Brizola faria à Suécia naquele mês para o funeral do ex-primeiro-ministro Olof Palme, morto em 28 de fevereiro de 86, e visitar os ex-primeiros-ministros Felipe González (Espanha) e Mario Soares (Portugal).
"Ele planeja participar de um encontro socialista internacional e do funeral de Palme em Estocolmo, retornando ao Rio via Nova York em 17 de março", diz o telegrama, intitulado "Brizola travels" ("viagens de Brizola") e despachado por um funcionário americano no Brasil que assinou apenas como Arenales.
O telegrama foi enviado pelo consulado dos EUA no Rio para a seção do Departamento de Estado que cuida dos assuntos da América Latina, a ARA (em inglês "American Republic Affairs").
A Folha localizou por telefone em sua casa em Bethesda, no Estado de Maryland (EUA), o ex-cônsul-geral do Rio de Janeiro Alfonso Arenales, hoje, aos 77 anos, funcionário aposentado do Departamento de Estado desde 1988.
Após receber uma cópia do documento, por fax, Arenales confirmou a autoria, embora dissesse não se lembrar em detalhes daquele pedido de monitoramento de Brizola. Ele classificou o documento como "parte da rotina".
Arenales contou que "acompanhou" Brizola desde, pelo menos, 1961, quando chegou ao Brasil. Além de Brizola, disse que também "acompanhou" nos anos 80 seu sucessor, Moreira Franco (PMDB), e o então prefeito do Rio, Marcello Alencar.
Ele disse que suas fontes sobre Brizola eram notícias da própria imprensa, de jornais e de rádios, principalmente. "O Brizola era uma pessoa que a gente não podia ignorar. Sempre, ao longo dos anos, ele se sobressaiu no panorama político brasileiro", disse.
No telegrama de março de 86, Arenales fez considerações sobre Brizola. "Brizola está abalado pelo assassinato de Palme, em termos humanos e porque isso vai diminuir seu apoio na Internacional Socialista", diz o documento.


Texto Anterior: PFL tem 6 dos 13 donos de emissora na comissão
Próximo Texto: Entrevista da 2ª - Maria da Conceição Tavares: Economista do PT faz críticas à proposta social de Palocci
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.