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CAMPO MINADO
Eles são acusados de roubar um boi; movimento anuncia mais quatro invasões, chegando a 94 áreas invadidas
13 sem-terra do MST são presos no Pontal
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE (SP)
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Militar prendeu ontem em Presidente Epitácio, na
região do Pontal do Paranapanema, 13 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra). Eles foram presos em
flagrante, acusados de furto qualificado e formação de quadrilha.
Segundo a Polícia Civil, os sem-terra furtaram na madrugada de
ontem dois bois da fazenda Tupiconã, invadida há uma semana
pelo MST, e foram flagrados dividindo a carne (cerca de 250 kg) no
pasto da propriedade, a 100 m do
acampamento, formado por cerca de 700 pessoas. Na hora das
prisões, cinco pessoas fugiram.
Com os acusados, a polícia
apreendeu facas, machadinhas e
facões. Eles foram levados para a
cadeia pública de Presidente Epitácio, onde permaneciam presos
até o fechamento desta edição.
Wésley Mauch, da coordenação
nacional do MST, afirmou que o
caso é isolado e que não será dada
assistência jurídica aos presos. "O
MST não se responsabiliza por
atitudes individuais", disse. "Esse
não é nosso ideal. Nosso ideal é
lutar pela terra, mas é difícil você
controlar, num acampamento,
500, 700 famílias. Infelizmente, alguns agem de forma equivocada."
Ele defendeu as prisões e disse
que foi convocado pela coordenação do acampamento para conter
os demais acampados, que tentaram agredir um dos acusados.
Segundo o delegado Marcos
Antônio Mantovani, os acusados
negam o crime. "Alegam que foram chamados para buscar carne
de bois que já estavam mortos."
Ontem, o MST promoveu mais
três invasões -em SP, PE e BA-
e anunciou que invadiu uma fazenda no domingo, em MG. Com
isso, já são 94 ações desde 10 de
março. Em São Paulo, a invasão
foi no Pontal, a oitava neste mês.
Pernambuco, com essa última
ação, tem 32 áreas ocupadas.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem que sabia que as
invasões cresceriam no seu governo e comparou os sem-terra a filhos seus. "Sabia que ia acontecer
isso [o aumento], porque a criança, quando está longe da mãe, fica
inibida, mas quando está perto,
grita, grita, grita", afirmou, segundo participantes de audiência
concedida ao presidente da Contag (Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura).
Manoel José dos Santos, presidente da Contag, disse que as invasões são uma forma legítima de
pressão e vão continuar. Ele entregou a Lula pauta com 59 reivindicações que espera ver respondidas durante do Grito da Terra, de
17 a 21 de maio.
(CM, LF, PP e VR)
Colaborou a Sucursal de Brasília
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