São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004

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CAMPO MINADO

Eles são acusados de roubar um boi; movimento anuncia mais quatro invasões, chegando a 94 áreas invadidas

13 sem-terra do MST são presos no Pontal

FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE (SP)
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Militar prendeu ontem em Presidente Epitácio, na região do Pontal do Paranapanema, 13 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Eles foram presos em flagrante, acusados de furto qualificado e formação de quadrilha.
Segundo a Polícia Civil, os sem-terra furtaram na madrugada de ontem dois bois da fazenda Tupiconã, invadida há uma semana pelo MST, e foram flagrados dividindo a carne (cerca de 250 kg) no pasto da propriedade, a 100 m do acampamento, formado por cerca de 700 pessoas. Na hora das prisões, cinco pessoas fugiram.
Com os acusados, a polícia apreendeu facas, machadinhas e facões. Eles foram levados para a cadeia pública de Presidente Epitácio, onde permaneciam presos até o fechamento desta edição.
Wésley Mauch, da coordenação nacional do MST, afirmou que o caso é isolado e que não será dada assistência jurídica aos presos. "O MST não se responsabiliza por atitudes individuais", disse. "Esse não é nosso ideal. Nosso ideal é lutar pela terra, mas é difícil você controlar, num acampamento, 500, 700 famílias. Infelizmente, alguns agem de forma equivocada."
Ele defendeu as prisões e disse que foi convocado pela coordenação do acampamento para conter os demais acampados, que tentaram agredir um dos acusados.
Segundo o delegado Marcos Antônio Mantovani, os acusados negam o crime. "Alegam que foram chamados para buscar carne de bois que já estavam mortos."
Ontem, o MST promoveu mais três invasões -em SP, PE e BA- e anunciou que invadiu uma fazenda no domingo, em MG. Com isso, já são 94 ações desde 10 de março. Em São Paulo, a invasão foi no Pontal, a oitava neste mês. Pernambuco, com essa última ação, tem 32 áreas ocupadas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que sabia que as invasões cresceriam no seu governo e comparou os sem-terra a filhos seus. "Sabia que ia acontecer isso [o aumento], porque a criança, quando está longe da mãe, fica inibida, mas quando está perto, grita, grita, grita", afirmou, segundo participantes de audiência concedida ao presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).
Manoel José dos Santos, presidente da Contag, disse que as invasões são uma forma legítima de pressão e vão continuar. Ele entregou a Lula pauta com 59 reivindicações que espera ver respondidas durante do Grito da Terra, de 17 a 21 de maio. (CM, LF, PP e VR)


Colaborou a Sucursal de Brasília

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