São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2006

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CAMPO MINADO

Jaime Amorim, líder dos sem-terra, levou tiro de raspão após abertura de fórum em Recife; dois PMs foram atingidos

Confronto entre MST e polícia deixa 5 feridos

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Jaime Amorim, 46, foi ferido a bala em um confronto com policiais militares após a abertura do 2º Fórum Social Brasileiro, em Recife.
O tiro atingiu de raspão o polegar da mão direita de Amorim. Pelo menos outras quatro pessoas ficaram feridas, sendo dois PMs. Um deles foi o capitão Dimerson, que foi gravemente atingido.
O confronto aconteceu após uma marcha de participantes do fórum pelo centro da cidade. Os manifestantes (1.500, de acordo com a PM, e 10 mil, segundo a organização do evento) seguiram em passeata pela avenida Conde da Boa Vista até se concentrarem no Pátio do Carmo, no centro.
Segundo Amorim, três policiais invadiram o ato e "tentaram tumultuar". Ele disse que, quando viu a confusão, desceu do carro de som, mas um policial resolveu atirar. Afirmou que de três a cinco tiros foram disparados. "Por sorte acertou a minha mão", afirmou ele, que registrou ocorrência.
O cinegrafista da TV Independente Mangue, Fábio Pereira, 39, e o assentado Severino Melo Filho, 24, também registraram ocorrência contra a ação policial. Pereira disse ter sido espancado. Melo Filho foi ferido a bala.
A versão da PM é outra. Afirma que a confusão começou quando sem terra agrediram oficiais, que tentavam prender pessoas que perturbavam o evento.

Marcha
Antes da confusão, Amorim participou de uma marcha com cerca de 500 sem terra vindos de todo o Estado. O grupo caminhou cinco quilômetros na BR-101, até a Universidade Federal de Pernambuco, sede do fórum.
Principal líder do MST em Pernambuco, Estado onde ocorreram 33 invasões de terra desde março, Amorim afirmou que o movimento não se preocupa com sua imagem e com pesquisas de opinião. "Sabemos os anseios e desejos da população", declarou.
O coordenador do MST reafirmou a importância do saque como um instrumento reivindicatório para o movimento. "Saques não resolvem o problema, mas têm uma conotação política e de alerta", disse. "Fizemos uma reivindicação. Cabe aos governos federal e estadual resolver a questão", declarou, referindo-se ao ataque a dois caminhões ocorridos na segunda-feira.

Em Alagoas
Depois de dois dias de caminhada, terminou ontem em Atalaia (62 km de Maceió) uma marcha para lembrar os dez anos do massacre de Eldorado do Carajás e para cobrar a punição por assassinatos de sem terra em Alagoas. Em especial, o assassinato de Jaelson Melquíades dos Santos, 25, líder do MST na região. Segundo os organizadores, a marcha reuniu 4.000 sem-terra. Na avaliação da PM, 2.000 agricultores participaram da caminhada.


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