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CAMPO MINADO
Jaime Amorim, líder dos sem-terra, levou tiro de raspão após abertura de fórum em Recife; dois PMs foram atingidos
Confronto entre MST e polícia deixa 5 feridos
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
O coordenador nacional do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Jaime
Amorim, 46, foi ferido a bala em
um confronto com policiais militares após a abertura do 2º Fórum
Social Brasileiro, em Recife.
O tiro atingiu de raspão o polegar da mão direita de Amorim.
Pelo menos outras quatro pessoas
ficaram feridas, sendo dois PMs.
Um deles foi o capitão Dimerson,
que foi gravemente atingido.
O confronto aconteceu após
uma marcha de participantes do
fórum pelo centro da cidade. Os
manifestantes (1.500, de acordo
com a PM, e 10 mil, segundo a organização do evento) seguiram
em passeata pela avenida Conde
da Boa Vista até se concentrarem
no Pátio do Carmo, no centro.
Segundo Amorim, três policiais
invadiram o ato e "tentaram tumultuar". Ele disse que, quando
viu a confusão, desceu do carro de
som, mas um policial resolveu atirar. Afirmou que de três a cinco tiros foram disparados. "Por sorte
acertou a minha mão", afirmou
ele, que registrou ocorrência.
O cinegrafista da TV Independente Mangue, Fábio Pereira, 39,
e o assentado Severino Melo Filho, 24, também registraram
ocorrência contra a ação policial.
Pereira disse ter sido espancado.
Melo Filho foi ferido a bala.
A versão da PM é outra. Afirma
que a confusão começou quando
sem terra agrediram oficiais, que
tentavam prender pessoas que
perturbavam o evento.
Marcha
Antes da confusão, Amorim
participou de uma marcha com
cerca de 500 sem terra vindos de
todo o Estado. O grupo caminhou
cinco quilômetros na BR-101, até
a Universidade Federal de Pernambuco, sede do fórum.
Principal líder do MST em Pernambuco, Estado onde ocorreram 33 invasões de terra desde
março, Amorim afirmou que o
movimento não se preocupa com
sua imagem e com pesquisas de
opinião. "Sabemos os anseios e
desejos da população", declarou.
O coordenador do MST reafirmou a importância do saque como um instrumento reivindicatório para o movimento. "Saques
não resolvem o problema, mas
têm uma conotação política e de
alerta", disse. "Fizemos uma reivindicação. Cabe aos governos federal e estadual resolver a questão", declarou, referindo-se ao
ataque a dois caminhões ocorridos na segunda-feira.
Em Alagoas
Depois de dois dias de caminhada, terminou ontem em Atalaia
(62 km de Maceió) uma marcha
para lembrar os dez anos do massacre de Eldorado do Carajás e para cobrar a punição por assassinatos de sem terra em Alagoas. Em
especial, o assassinato de Jaelson
Melquíades dos Santos, 25, líder
do MST na região. Segundo os organizadores, a marcha reuniu
4.000 sem-terra. Na avaliação da
PM, 2.000 agricultores participaram da caminhada.
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