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PF prende 32 em operação contra grilagem de terras
Segundo a polícia, esquema, que agia em MT, GO e SP, envolvia funcionários de cartórios para a obtenção de financiamentos
Senador Jayme Campos, mencionado em conversa telefônica entre supostas participantes do grupo, diz
que desconhece o assunto
JOSÉ EDUARDO RONDON
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal prendeu
ontem na Operação Lacraia,
deflagrada em Mato Grosso,
Goiás e São Paulo, 32 pessoas
suspeitas de participar de um
esquema de grilagem de terras,
fraudes cartorárias e crimes
contra o sistema financeiro.
O senador Jayme Campos
(DEM-MT, ex-PFL) foi envolvido no caso por meio de interceptação telefônica entre dois
suspeitos de participar do grupo. Ele nega. O Supremo Tribunal Federal decidirá se Campos
será investigado.
Segundo as investigações,
funcionários de cartórios falsificavam e forjavam registros e
títulos de propriedades rurais,
que posteriormente eram usados na obtenção de empréstimos e financiamentos bancários por "clientes" do grupo.
A suspeita do Ministério Público Federal em Mato Grosso é
que o senador tenha agido em
defesa da ex-tabeliã de Mato
Grosso Helena Jacarandá, uma
das presas ontem.
Segundo o procurador da República Mário Lúcio Avelar, o
senador "supostamente promove os interesses da organização criminosa junto a elevadas instâncias do poder público, mormente perante o Superior Tribunal de Justiça, a fim
de restabelecer a investigada
Helena Jacarandá à frente do
cartório de registros de imóveis
de Barra do Garças [MT]".
O diálogo em que o senador
aparece é da corretora de imóveis Lucélia Parreira e Maria de
Lourdes Dias Guimarães, ambas presas pela PF. Lucélia, segundo a procuradoria, era braço direito de Helena, e Maria de
Lourdes, sua ex-funcionária.
Maria de Lourdes diz: "Qual será que foi o político forte que
[interrompida]." "O Julio Campos", diz Lucélia. "Ahn?", fala
Maria de Lourdes. "O Jayme
Campos, que ele é senador. (...)
Ele que conseguiu", diz Lucélia.
A investigação teve início há
nove meses e apontou a existência de fraudes que funcionava em cartórios de registro de
imóveis em Barra do Garças,
Água Boa (MT), e Baliza (GO).
As escrituras, que na maioria
eram de propriedades da União
ou não existiam, serviam de garantia na obtenção de empréstimos por "clientes da quadrilha", relatou a PF, que não tinha estimativa do valor levantado pelo grupo.
Outro lado
Por meio de sua assessoria, o
senador Jayme Campos (DEM,
Ex-PFL-MT) disse que "desconhece completamente" o tema.
Afirmou também que nunca
esteve no STJ, onde, segundo o
Ministério Público Federal, supostamente agiu em favorecimento de Helena Jacarandá,
presa ontem. A reportagem não
conseguiu contato com os advogados de Maria de Lourdes,
Helena e Lucélia.
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