São Paulo, terça, 21 de abril de 1998

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PODER DE BALA
Ministro era ligado a prazeres nada frugais

JOYCE PASCOWITCH
Colunista da Folha

Fazer Antonio Carlos Magalhães colocar óculos escuros em recinto fechado, levar José Serra e Ruth Cardoso às lágrimas não é para qualquer um. Mesmo que os dois últimos fossem amigos de Sérgio Motta de longa data, não se pode negar o poder de bala do ministro mais potente do governo Fernando Henrique Cardoso.
O governador Tasso Jereissati, que chegou quase na hora de o enterro sair, também não segurou. Roseana Sarney, idem idem. Ministros como Paulo Renato Souza, Clóvis Carvalho, Luiz Carlos Bresser Pereira, Pedro Malan e Paulo Paiva estavam visivelmente transtornados -tudo isso na sala reservada a autoridades no velório do ministro, na Assembléia Legislativa de São Paulo.
Ninguém passou incólume por Sérgio Motta, nem seus inimigos. Esses, sim, eram os que mais reconheciam o talento do articulador jamais visto nos últimos anos no país.
Ele era a figura do amigo querido, do tipo "deixa que eu resolvo", do pai superprotetor e do marido do tipo espécime em extinção.
Sérgio Motta era ligado em prazeres nada frugais: adorava o vinho italiano Brunello di Montalcino, jantar no bistrô mais chique de Paris, o Chez Benoit, dançar cheek to cheek com a patroa, ouvir o piano do hotel Carlyle, em Nova York.
Carregador de piano, sim. Pau para toda a obra, também. Homem de confiança do presidente, caixa de campanha -mas daí até "PC das esquerdas" tem uma certa distância. É só lembrar o velório e o enterro do homem de confiança de Fernando Collor de Mello.



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