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PODER DE BALA
Ministro era ligado a
prazeres nada frugais
JOYCE PASCOWITCH
Colunista da Folha
Fazer Antonio Carlos Magalhães colocar óculos escuros
em recinto fechado, levar José
Serra e Ruth Cardoso às lágrimas não é para qualquer um.
Mesmo que os dois últimos
fossem amigos de Sérgio Motta
de longa data, não se pode negar o poder de bala do ministro
mais potente do governo Fernando Henrique Cardoso.
O governador Tasso Jereissati, que chegou quase na hora de
o enterro sair, também não segurou. Roseana Sarney, idem
idem. Ministros como Paulo
Renato Souza, Clóvis Carvalho, Luiz Carlos Bresser Pereira, Pedro Malan e Paulo Paiva
estavam visivelmente transtornados -tudo isso na sala reservada a autoridades no velório do ministro, na Assembléia
Legislativa de São Paulo.
Ninguém passou incólume
por Sérgio Motta, nem seus
inimigos. Esses, sim, eram os
que mais reconheciam o talento do articulador jamais visto
nos últimos anos no país.
Ele era a figura do amigo
querido, do tipo "deixa que eu
resolvo", do pai superprotetor
e do marido do tipo espécime
em extinção.
Sérgio Motta era ligado em
prazeres nada frugais: adorava
o vinho italiano Brunello di
Montalcino, jantar no bistrô
mais chique de Paris, o Chez
Benoit, dançar cheek to cheek
com a patroa, ouvir o piano do
hotel Carlyle, em Nova York.
Carregador de piano, sim.
Pau para toda a obra, também.
Homem de confiança do presidente, caixa de campanha
-mas daí até "PC das esquerdas" tem uma certa distância.
É só lembrar o velório e o enterro do homem de confiança
de Fernando Collor de Mello.
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