São Paulo, terça, 21 de abril de 1998

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Notícia é recebida com tranquilidade pelo mercado


CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

A morte do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, que movimentava as Bolsas com suas declarações, teve pouco impacto no mercado acionário, ontem.
A Bolsa de Valores de São Paulo oscilou de acordo com os ventos vindos de Nova York e as ações da Telebrás variaram ao sabor do vencimento das opções.
"A perda de Motta já vinha sendo absorvida há algum tempo pelo mercado", diz o diretor do Banco Real Renê Aduan.
"Os sinais eram muito claros de que o quadro do ministro era irreversível", afirma Manuel Maceira, do Banco Tendência.
Para Rodrigo Moraes, do Banco Rendimento, os substitutos de Sérgio Motta já escolhidos pelo governo ajudam a manter o mercado tranquilo.
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luiz Carlos Mendonça de Barros, que ficou responsável por encaminhar a privatização no setor de telecomunicações, é "um homem com muito know-how, que participa ativamente do processo em outros segmentos econômicos".
Graça Paiva, da Ativa Corretora de Valores, completa: "Sérgio Motta deixou todo o processo de privatização da Telebrás pronto, com o cronograma determinado. A venda da empresa caminha praticamente sozinha."
Os especialistas destacam ainda que o governo precisa dos mais de US$ 25 bilhões que a venda do sistema Telebrás deve gerar para financiar seu déficit nas contas externas. Por isso, vai continuar a priorizar essa privatização.
Com a morte do ministro agora, as perdas para o governo são políticas, avalia Maceira. "Motta tinha um papel-chave, de articulação e coordenação."
Segundo Graça Paiva, "o ministro das Comunicações era uma pessoa forte no governo. Seu poder teve de ser dividido."
Renê Aduan considera que o mercado financeiro está hoje amadurecido, só tem oscilações bruscas com crises mundiais, como a asiática, e sabe que ninguém é insubstituível. "Motta era um quadro excelente. Mas o governo tem outros", diz ele.
Os debates sobre quem será o novo ministro a ser indicado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso já começaram ontem e o próprio Luiz Carlos Mendonça de Barros foi cotado como o mais provável substituto.
Depois de abrir em baixa de cerca de 0,5% contra o fechamento da sexta-feira, de R$ 146 o lote de mil, as ações da Telebrás fecharam com queda de 1,16%.
Mas os papéis da empresa chegaram a subir para R$ 147,99 acompanhando a alta da Bolsa nos EUA e os negócios com as opções.
A queda da Telebrás derrubou o índice Bovespa, formado pelos papéis mais negociados na Bolsa de Valores de São Paulo.
Os papéis da Telebrás foram, ontem, responsáveis por nada menos do que 57,2% do volume total de dinheiro girado na Bovespa, que fechou em queda de 0,66%.



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