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Venceslau destaca "pragmatismo' de Motta
LUIZ MAKLOUF CARVALHO
da Reportagem Local
"Extremamente pragmático."
É assim que o economista Paulo
de Tarso Venceslau, 54, ex-integrante do PT, define Sérgio Mota.
O ministro havia sido recentemente acusado por Luis Inácio
Lula da Silva e outros dirigentes
do PT de estar por trás da entrevista em que o economista denunciou suposto tráfico de influência
entre parte a direção do partido e a
empresa de consultoria CPEM.
Expulso do partido, Venceslau
está sendo processado por Lula e
José Dirceu, entre outros dirigentes. E está processando Lula em relação às declarações de que o governo FHC e Sérgio Motta tiveram
a ver com as denúncias que fez.
Ex-dirigente da ALN (Ação Libertadora Nacional, que praticava
a luta armada), ex-guerrilheiro
(participou do sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, em setembro de
69), ex-preso político torturado,
Venceslau foi estagiário da empresa de Sérgio Mota, a Hidrobrasileira, no período imediatamente
posterior à sua saída da Casa de
Detenção (em 74), cinco anos e
dois meses depois de ser preso.
"Eu precisava provar à Justiça
Militar que tinha um emprego regular - e foi o "Serjão' que viabilizou isso, depois de um contato
com meu advogado, Luiz Eduardo
Greenhalg", lembrou Venceslau.
"Não fui o único dos militantes
que ele ajudou. A Clara Scharf
(viúva de Carlos Marighela) e o
Duarte Pereira também trabalharam lá", disse.
Venceslau define a relação daquela época com Mota como
"cordial". Lembra-se que no dia
de seu casamento com a dramaturga Consuelo de Castro, em junho de 75, os dois foram comemorá-lo em uma festa na casa de Motta. "Ele também mexia com produção teatral", lembra o economista, para quem Motta "era um
homem que decidia, o que gerava
conflitos e controvérsias".
A relação regular entre os dois
durou até o final dos anos 70,
quando Venceslau era diretor do
jornal "Versus" e Motta, uma espécie de mecenas do jornal "Movimento". "Ele levou o pragmatismo às últimas consequências no
governo FHC", diz o economista.
"Minhas divergências eram à política que vinha desenvolvendo
-e não pessoais".
Na avaliação do economista, a
morte de Motta "vai facilitar que
FHC se torne um refém dos
"ACMs da vida'". "O Serjão era
uma barreira ao cerco tático e estratégico feito peo PFL", acredita.
"O PSDB ficou enfraquecido".
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