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SISTEMA FINANCEIRO
Ministério Público investiga lista de telefonemas recebidos por Francisco Lopes no Banco Central
Juíza autoriza quebra de sigilo judicial
ELVIRA LOBATO
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
A juíza Ana
Paula Vieira de
Carvalho, da 6ª
Vara Federal,
autorizou ontem a quebra do
sigilo judicial de
toda a documentação apreendida nas casas do
ex-presidente do Banco Central
Francisco Lopes e do banqueiro
Alberto Cacciola e nas dependências dos bancos Marka e FonteCindam e da empresa Macrométrica.
A quebra do segredo de justiça
tornará disponível apenas parte da
documentação. As que envolvem
sigilo de correspondência, bancário e fiscal continuam protegidas.
O Ministério Público Federal está investigando uma lista de quatro
folhas apreendidas na casa de Lopes com ligações telefônicas que
ele recebeu em janeiro, no Banco
Central.
No período, Lopes passou de diretor de Política Monetária a presidente do Banco Central e comandou a operação de socorro aos
bancos FonteCindam e Marka que
está sendo investigada pelo Senado, Polícia Federal e Procuradoria
da República.
A lista estava entre os 152 itens
apreendidos pela Polícia Federal
na casa de Francisco Lopes e entregues pelo Ministério Público à Justiça Federal. Foram recolhidos
também artigos inúteis, como caixas vazias de canetas e óculos.
Ontem, a juíza autorizou apenas
a divulgação da lista dos itens
apreendidos, com a descrição parcial de alguns deles. Os documentos serão submetidos a perícia antes de se tornarem públicos.
O auto de apreensão dos documentos encontrados na casa de
Francisco Lopes confirma o bilhete escrito em agosto de 1996 por
Sérgio Bragança -ex-sócio de Lopes na Macrométrica Consultoria
Econômica- no qual declara a
existência de US$ 1,675 milhão sob
sua custódia no exterior pertencente ao ex-presidente do BC.
O teor do bilhete é o seguinte:
""Eu, Sérgio Luiz Bragança, venho
declarar que Francisco Lopes tem
sob minha custódia US$
1.675.000,00 (hum milhão e seiscentos e setenta e cinco mil dólares) depositados em minhas contas no exterior. Esse crédito pode
ser exigido a qualquer momento e,
no caso de meu impedimento, por
qualquer motivo, deve ser honrado por quem venha a me representar. Essa manifestação anula as outras declarações de mesma natureza feitas anteriormente. Sem mais,
subscrevo-me abaixo".
O bilhete foi encontrado dentro
de um envelope pardo, onde estava escrito: ""Para Ciça (abrir se eu
faltar)". Ciça é o apelido de Araci
Pugliese, mulher de Lopes.
Outros dois bilhetes foram listados pela Procuradoria, mas seus
teores estão riscados nas cópias
distribuídas ontem pela Justiça.
No primeiro só é possível ler as palavras ""fundos derivativos".
Também está presente no material distribuído ontem o teor do bilhete enviado por Cacciola a Lopes
reclamando do rigor do ex-diretor
de Fiscalização do BC Claudio
Mauch na liberação do socorro pedido para o banco Marka.
O bilhete foi a justificativa dada
pela juíza da 6ª Vara Federal para
autorizar a busca na casa de Lopes.
No carro de Lopes, um Tempra,
foi encontrada cópia de um extrato
bancário de uma conta de poupança do ex-presidente do BC. O extrato, do mês de março, foi endereçado à Macrométrica, empresa da
qual Lopes estava formalmente
afastado desde o começo de 95,
quando foi para o BC.
Foi o encontro desse extrato que
levou a Procuradoria da República
a pedir e obter da Justiça autorização para fazer uma busca na sede
da Macrométrica, no centro do
Rio.
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