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Disputa por cargo no Rio ameaça criar crise interna no PT
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Há um mês e meio no governo
do Rio, a governadora Benedita
da Silva (PT) ainda não conseguiu
preencher todos os cargos do Estado. Correntes petistas disputam
indicações para os segundo e terceiro escalões, que continuam
ocupados por aliados do ex-governador Anthony Garotinho
(PSB), e ameaçam abrir uma crise
interna no partido.
O presidente nacional do PT,
deputado José Dirceu (SP), que
esteve no Rio na semana passada
discutindo o assunto, terá na
quinta-feira uma nova reunião
com representantes das diversas
correntes petistas.
A direção nacional do PT está
preocupada com o rumo do governo de Benedita no Rio, que
considera uma vitrine para a campanha presidencial de Luiz Inácio
Lula da Silva.
A disputa interna é mais um
complicador para o PT. Em meio
a dificuldades de caixa - segundo a Secretaria de Estado de Controle Geral, o Estado herdou uma
dívida de R$ 2,2 bilhões, Benedita
enfrenta o aumento da violência e
uma greve de professores, que hoje completa 77 dias.
"Brigar por cargos no governo,
neste momento, é o fim da picada.
Deveríamos estar discutindo a
campanha eleitoral e não ficar
constrangendo o José Dirceu com
assuntos secundários", disse o deputado Carlos Minc, ligado à Articulação, corrente de Benedita.
Entre as correntes petistas, há
grande insatisfação pelo fato de a
Articulação, que hoje controla um
terço do diretório regional, ter 23
das 32 secretarias. As demais correntes do partido reclamam que
as secretarias que receberam estão esvaziadas.
Um exemplo é a Secretaria de
Transportes, que ficou com o grupo Opção Popular, do deputado
federal Carlos Santana. Por acordo com Benedita, no início do governo, a secretaria perdeu o Detro
(Departamento Estadual de
Transportes Rodoviários).
Agora, Santana luta para manter sob controle da secretaria a
Emop (Empresa de Obras Públicas), também reivindicada pelo
secretário de Projetos Especiais,
Alexandre Rodrigues, da Opção
Socialista, adversária da Opção
Popular. "Trata-se de uma disputa natural. Não tem problema nenhum", afirmou Santana.
Convenção estadual
Por causa da briga por cargos, a
convenção estadual, marcada para o próximo dia 26, foi adiada para junho. A preocupação é que a
disputa interna pudesse contaminar a discussão eleitoral.
O PT ainda espera uma definição do PL sobre aliança. Se formalizado o apoio a Lula, o PL ficará
com uma das duas vagas para o
Senado. Caso contrário, o PT indicará os dois nomes. Há três candidatos na disputa: o deputado federal Milton Temer, do Refazendo, a esquerda do PT fluminense;
o vereador Edson Santos, da Articulação; e o sindicalista Hélio
Anomal, ligado a Santana.
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