São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Disputa por cargo no Rio ameaça criar crise interna no PT

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Há um mês e meio no governo do Rio, a governadora Benedita da Silva (PT) ainda não conseguiu preencher todos os cargos do Estado. Correntes petistas disputam indicações para os segundo e terceiro escalões, que continuam ocupados por aliados do ex-governador Anthony Garotinho (PSB), e ameaçam abrir uma crise interna no partido.
O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), que esteve no Rio na semana passada discutindo o assunto, terá na quinta-feira uma nova reunião com representantes das diversas correntes petistas.
A direção nacional do PT está preocupada com o rumo do governo de Benedita no Rio, que considera uma vitrine para a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva.
A disputa interna é mais um complicador para o PT. Em meio a dificuldades de caixa - segundo a Secretaria de Estado de Controle Geral, o Estado herdou uma dívida de R$ 2,2 bilhões, Benedita enfrenta o aumento da violência e uma greve de professores, que hoje completa 77 dias.
"Brigar por cargos no governo, neste momento, é o fim da picada. Deveríamos estar discutindo a campanha eleitoral e não ficar constrangendo o José Dirceu com assuntos secundários", disse o deputado Carlos Minc, ligado à Articulação, corrente de Benedita.
Entre as correntes petistas, há grande insatisfação pelo fato de a Articulação, que hoje controla um terço do diretório regional, ter 23 das 32 secretarias. As demais correntes do partido reclamam que as secretarias que receberam estão esvaziadas.
Um exemplo é a Secretaria de Transportes, que ficou com o grupo Opção Popular, do deputado federal Carlos Santana. Por acordo com Benedita, no início do governo, a secretaria perdeu o Detro (Departamento Estadual de Transportes Rodoviários).
Agora, Santana luta para manter sob controle da secretaria a Emop (Empresa de Obras Públicas), também reivindicada pelo secretário de Projetos Especiais, Alexandre Rodrigues, da Opção Socialista, adversária da Opção Popular. "Trata-se de uma disputa natural. Não tem problema nenhum", afirmou Santana.

Convenção estadual
Por causa da briga por cargos, a convenção estadual, marcada para o próximo dia 26, foi adiada para junho. A preocupação é que a disputa interna pudesse contaminar a discussão eleitoral.
O PT ainda espera uma definição do PL sobre aliança. Se formalizado o apoio a Lula, o PL ficará com uma das duas vagas para o Senado. Caso contrário, o PT indicará os dois nomes. Há três candidatos na disputa: o deputado federal Milton Temer, do Refazendo, a esquerda do PT fluminense; o vereador Edson Santos, da Articulação; e o sindicalista Hélio Anomal, ligado a Santana.



Texto Anterior: Outro Lado: Sindicância vai investigar caso, diz secretário
Próximo Texto: Lula aceita fazer novo acordo com o FMI
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.