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NO AR
"A gente sente"
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
O presidente dedicou
parte de seu dia, ontem,
a Duda Mendonça. Gravou para o programa do PT que vai ao
ar amanhã.
O novo slogan do marqueteiro
para marcar a propaganda na
TV é "a gente sente, o Brasil está
diferente".
Para justificar o mote, as
ações de imagem começaram
antes, na reunião ministerial.
Foi lá que o programa Primeiro
Emprego, aquele da campanha,
ressuscitou. Observação de
Franklin Martins:
- O Primeiro Emprego é a
menina dos olhos de Lula. Em
termos concretos, não saiu nada
(da reunião). Mas Lula quis
passar um recado político, de
que está começando a chegar a
hora de pensar.
"Está começando a chegar a
hora de pensar" foi uma piada
involuntária. Se é isso que Lula
vai levar aos telespectadores, é
grande o risco de a paciência
acabar de vez.
Além da "marca" Primeiro
Emprego, falou-se na reunião
do Plano Plurianual, que agora
vai apresentar "metas sociais".
Não agora: no futuro. As tais
metas não foram nem mesmo
esboçadas.
É recado, é discurso demais
para pouca ação. Da mesma
maneira que é gastar palavras
apresentar com orgulho os
"quase" R$ 800 mil doados ao
Fome Zero, no extemporâneo
balanço feito pelo ministro José
Graziano.
O que vale também para a
inusitada reunião de Benedita
da Silva, outra ministra da área
social, com a enviada do FMI.
Não se viram fotos da reunião
de Lula com a enviada, mas a
Radiobrás tratou de espalhar as
de Benedita.
Segundo a ministra, citada na
Radiobrás, o Fundo se mostrou
interessado no esforço lulista de
"equilibrar a questão social com
a monetária".
Seria cômico, não estivesse a
paciência no limite. O problema
de Lula e da cortina de fumaça
"social" desta semana está em
outra parte.
Está na decisão sobre os juros,
hoje, que opõe a pressão pelo
corte à resistência do Banco
Central. O Jornal Nacional de
ontem seguia no ataque, em
manchete:
- A inflação cai. Aumenta
pressão por juros menores.
O resto, ao menos por ora, é
fumaça.
A pressão por juros menores
ganha adeptos inesperados na
reta final.
Pedro Malan, na descrição da
Jovem Pan, relutou até o último
instante, mas acabou opinando,
do seu jeito: disse que a direção
do movimento de queda já está
sendo dada.
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