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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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NO AR

"A gente sente"

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

O presidente dedicou parte de seu dia, ontem, a Duda Mendonça. Gravou para o programa do PT que vai ao ar amanhã.
O novo slogan do marqueteiro para marcar a propaganda na TV é "a gente sente, o Brasil está diferente".
Para justificar o mote, as ações de imagem começaram antes, na reunião ministerial. Foi lá que o programa Primeiro Emprego, aquele da campanha, ressuscitou. Observação de Franklin Martins:
- O Primeiro Emprego é a menina dos olhos de Lula. Em termos concretos, não saiu nada (da reunião). Mas Lula quis passar um recado político, de que está começando a chegar a hora de pensar.
"Está começando a chegar a hora de pensar" foi uma piada involuntária. Se é isso que Lula vai levar aos telespectadores, é grande o risco de a paciência acabar de vez.
Além da "marca" Primeiro Emprego, falou-se na reunião do Plano Plurianual, que agora vai apresentar "metas sociais". Não agora: no futuro. As tais metas não foram nem mesmo esboçadas.
É recado, é discurso demais para pouca ação. Da mesma maneira que é gastar palavras apresentar com orgulho os "quase" R$ 800 mil doados ao Fome Zero, no extemporâneo balanço feito pelo ministro José Graziano.
O que vale também para a inusitada reunião de Benedita da Silva, outra ministra da área social, com a enviada do FMI. Não se viram fotos da reunião de Lula com a enviada, mas a Radiobrás tratou de espalhar as de Benedita.
Segundo a ministra, citada na Radiobrás, o Fundo se mostrou interessado no esforço lulista de "equilibrar a questão social com a monetária".
Seria cômico, não estivesse a paciência no limite. O problema de Lula e da cortina de fumaça "social" desta semana está em outra parte.
Está na decisão sobre os juros, hoje, que opõe a pressão pelo corte à resistência do Banco Central. O Jornal Nacional de ontem seguia no ataque, em manchete:
- A inflação cai. Aumenta pressão por juros menores.
O resto, ao menos por ora, é fumaça.
 
A pressão por juros menores ganha adeptos inesperados na reta final.
Pedro Malan, na descrição da Jovem Pan, relutou até o último instante, mas acabou opinando, do seu jeito: disse que a direção do movimento de queda já está sendo dada.


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